Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Treze pessoas foram presas no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, acusadas de envolvimento em furtos de petróleo e combustíveis de dutos da Petrobras (SA:PETR4), informaram nesta quinta-feira autoridades fluminenses.
As prisões, que ocorreram entre quarta e esta quinta-feira, foram realizadas em meio a investigações de uma quadrilha que atua na região da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, na Baixada Fluminense.
A quadrilha, segundo as autoridades, atuou pelo menos entre junho de 2015 e março deste ano. Somente em 2016, desviou 14 milhões de litros de petróleo e de derivados, causando prejuízos para a estatal de mais de 33 milhões de reais, segundo a polícia do Rio de Janeiro.
As investigações para a operação começaram a partir de denúncias da própria Petrobras que, no ano passado, registrou um forte aumento no número de furtos e tentativas de furtos de combustíveis. Foram 73 ocorrências em 2016, ante 14 em 2015 e apenas uma em 2014, segundo informou a Reuters na semana passada.
"O que descobrimos foi a ponta do iceberg e certamente há outras quadrilhas atuando nos dutos da Petrobras, não só na Baixada", disse nesta quinta-feira a jornalistas a promotora Simone Sibilio.
A atividade criminosa pode causar sérios danos ao meio ambiente, com possíveis vazamentos, além de colocar vidas em perigo, já que se trata de produto altamente inflamável.
Na operação anunciada nesta quinta-feira, ao todo foram expedidos pela Justiça 26 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de prisão --seis deles foram cumpridos.
Cinco pessoas são consideradas foragidas, entre elas o líder da quadrilha, que seria um ex-vereador na região da Baixada Fluminense. Ele seria dono de postos de combustíveis que receberiam os produtos furtados, segundo informações das autoridades.
De acordo com o delegado Roberto Gomes, outras células criminosas podem estar atuando ainda, mas a quadrilha desbaratada nesta semana no Rio era a principal.
Para o promotor Rogério Sá Ferreira, tudo indica que a quadrilha alvo da operação desta semana é a mesma responsável por bicas em dutos da Petrobras encontradas no ano passado, pela a polícia do Rio de Janeiro, em terrenos próximos à Reduc.
Segundo as investigações, dos 14 milhões de litros furtados, cerca de 12 milhões foram petróleo e outros 2 milhões de derivados.
Os derivados eram vendidos principalmente em redes de combustíveis de integrantes da quadrilha na própria Baixada Fluminense. Já o petróleo era enviado para Minas Gerais, cujo destino ainda não é conhecido, e para São Paulo, onde o produto era refinado de forma ilegal.
Dois dos mandados de prisão foram cumpridos em São Paulo.
MINAS GERAIS
Oito pessoas foram detidas na quarta-feira por tentativa de furto de combustível em dutos em Minas Gerais, segundo explicaram autoridades.
Uma dessas pessoas estava com mandado de prisão expedido pela polícia do Rio.
"O nosso inquérito é só sobre a Baixada, mas há registros de casos em outros locais do Rio e do Brasil. Nem a Petrobras tem total noção do que acontece", disse o promotor Sá Ferreira.
"A Petrobras movimenta milhões de litros pelos dutos. O que se rouba pode ser uma fração pequena, mas para a quadrilha rende muito", adicionou ele.
Segundo o MP, o petróleo cru furtado dos dutos da Petrobras na região da Reduc era revendido por 1 real por litro, enquanto o derivado era revendido por 2 reais por litro.
"Todo mundo sabe quanto custa mais ou menos o litro da gasolina. Quando (o preço) está muito mais baixo, o consumidor tem que ficar atento e desconfiar. Eram normalmente postos sem bandeira", destacou a promotora Sibilio.
Para os investigadores, a quadrilha conta com a participação de funcionários, ex-funcionários ou prestadores de serviço da Petrobras.
Para cada ponto ligação clandestina precisaria de ao menos três técnicos especializados, segundo autoridades: um para furar o duto, outro para instalar equipamentos e outro para desconectar o equipamento.
"O sistema de controle da Petrobras, segundo depoimentos, detecta uma variação de pressão, mas não é preciso. É num raio de 5 quilômetros, até a segurança chegar ao local, a quadrilha já se mandou", adicionou o promotor Sá Ferreira.
Os denunciados são acusados dos crimes de organização criminosa para a prática de furto qualificado de combustível e de petróleo. Eles ainda podem ser denunciados por falsificação de documentos, receptação, transporte ilegal de petróleo e outros delitos.
(Por Rodrigo Viga Gaier)