Nova York, 20 set (EFE).- Os Estados Unidos devolverão amanhã ao
Brasil duas obras de arte, uma de Roy Lichtenstein e outra de
Joaquín Torres-García, adquiridas ilegalmente pelo banqueiro
brasileiro Edemar Cid Ferreira, segundo anunciou hoje a Procuradoria
do Distrito Sul de Nova York.
As duas pinturas faziam parte da coleção de arte de Cid Ferreira,
processado no Brasil por crimes contra o sistema financeiro, e foram
adquiridas de forma ilegal para lavar fundos escusos do Banco
Santos, afirmou a Procuradoria.
Ferreira foi condenado, em dezembro de 2006, a 21 anos de prisão
no Brasil por crimes contra o sistema financeiro e lavagem de
dinheiro em decorrência do colapso do Banco Santos. Na sentença, foi
decretado o confisco de bens obtidos de maneira ilegal.
Durante o processo de apreensão dos bens de Ferreira, as
autoridades brasileiras descobriram que um grande número de valiosas
obras de arte, entre as quais os quadros de Lichtenstein e
Torres-García, tinham desaparecido.
A obra do americano Roy Lichtenstein está estimada em US$ 1,5
milhão, enquanto a tela de Joaquín Torres-García foi comprada em
2004 por US$ 230 mil, detalhou a Procuradoria nova-iorquina.
Esse mesmo escritório esclareceu que as duas obras foram achadas
em 2007 em um armazém de Nova York e, posteriormente, apreendidas
pelo Serviço de Imigração e Alfândegas (ICE, na sigla em inglês)
americano, depois que um tribunal de São Paulo apresentou um pedido
de ajuda à Interpol.
As duas pinturas entraram nos EUA de forma irregular no final de
2006, por meio de títulos de obras de arte falsos e com uma
documentação que mostrava valores muito inferiores ao seu preço
real, informou a Procuradoria.
Além dessas obras, as autoridades nova-iorquinas confiscaram, em
2008, o quadro "Hannibal", de Jean-Michel Basquiat, avaliado em US$
8 milhões e que também pertencia à coleção do banqueiro.
Segundo informou a Procuradoria, essa obra entrou nos EUA em
agosto de 2007 pelo aeroporto nova-iorquino John F. Kennedy,
procedente de Londres. Na documentação, o valor da pintura foi
declarado em US$ 100. EFE