Rio de Janeiro, 26 abr (EFE).- Os investimentos estrangeiros diretos (IEDs) no Brasil somaram US$ 17,473 bilhões no primeiro trimestre deste ano, valor mais de três vezes superior aos US$ 5,512 bilhões do mesmo período de 2010, informa o Banco Central (Bacen) nesta terça-feira.
Os investimentos estrangeiros em projetos produtivos no Brasil nos três primeiros meses do ano foram equivalentes a 3,12% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no período e ajudou a financiar o déficit recorde na conta corrente.
Ao bom resultado do primeiro trimestre contribuiu o desempenho de março, quando os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 6,791 bilhões, três vezes mais que a do mesmo mês do ano passado (US$ 2,08 bilhões) e um valor muito superior ao previsto pelo próprio Banco Central para o mês (US$ 4,8 bilhões).
O Bacen que os investimentos dos estrangeiros em projetos produtivos no Brasil ficará este ano em US$ 55 bilhões, valor que, se confirmado, superará o recorde registrado no ano passado, de US$ 48,462 bilhões.
O aumento dos IEDs compensou o déficit em conta corrente do país, que acumulou no primeiro trimestre um recorde de US$ 14,631 bilhões, o equivalente a 2,61% do PIB e acima dos US$ 11,949 bilhões do mesmo período do ano passado.
O saldo negativo nas transações correntes, ou seja, a diferença entre os recursos que o Brasil envia ao exterior e os que recebe de outros países, foi de US$ 5,676 bilhões em março, acima dos US$ 5,017 bilhões do mesmo mês do ano passado.
O Bacen prevê que o Brasil encerrará este ano com um déficit recorde de US$ 60 bilhões em sua balança de conta corrente, superior ao registrado em 2010, de US$ 47,518 bilhões, o maior registrado até agora pelo país.
Para o Banco, a deterioração de sua conta corrente neste ano será causada principalmente pelo aumento das remessas e dividendos das empresas estrangeiras para o exterior e pelo forte aumento das importações como consequência da apreciação do real frente ao dólar.
Mas para o déficit do primeiro trimestre contribuiu especialmente a disparada dos gastos dos turistas brasileiros no exterior, que chegaram ao recorde de US$ 4,72 bilhões, valor 41,3% superior ao dos três primeiros meses do ano passado.
Apenas em março os turistas brasileiros gastaram US$ 1,65 bilhão no exterior, com um crescimento de 47% frente ao mesmo mês do ano passado.
Como as despesas dos brasileiros fora do país já tinham sido recorde no ano passado, quando somaram US$ 16,4 bilhões, o Governo decidiu aumentar de 2,38% para 6,38% a taxa do imposto às compras com cartões de crédito no exterior. EFE