Por Pawel Sobczak
VARSÓVIA (Reuters) - O presidente da Polônia, Andrzej Duda, transformou em lei nesta terça-feira um projeto que impõe sentenças prisionais quem sugerir que o país foi cúmplice no Holocausto, gerando fortes críticas de Israel e dos Estados Unidos.
Duda disse em discurso televisionado que a lei irá proteger a reputação internacional da Polônia, mas Israel pediu alterações, dizendo que os dois países possuem uma “responsabilidade conjunta” de preservar a memória do Holocausto.
Os Estados Unidos, um aliado próximo da Polônia na Otan, expressou desapontamento com a decisão de Duda.
“(Este projeto) ... protege interesses poloneses... nossa dignidade, a verdade histórica... para que nós não sejamos caluniados como um Estado e como uma nação”, disse Duda, um aliado do partido governista Lei e Justiça (PiS), que introduziu a legislação.
Mas isto também “leva em consideração a sensibilidade daqueles para os quais a questão da importância histórica, a memória do Holocausto, é incrivelmente importante”, acrescentou Duda.
A lei polonesa irá impor sentenças prisionais de até três anos por usar a frase “campos de concentração poloneses” e por sugerir “publicamente e contra os fatos” que a nação ou o Estado polonês foi cúmplice dos crimes da Alemanha nazista.
O PiS, partido socialmente conservador e nacionalista que tem lutado com a União Europeia e grupos de direitos humanos sobre diversas questões desde que assumiu no final de 2015, diz que a nova lei é necessária para garantir que os poloneses sejam reconhecidos como vítimas, não autores, da agressão nazista na Segunda Guerra Mundial.
Israel diz que a lei irá conter liberdade de expressão, criminalizar fatos históricos básicos e impedir qualquer discussão sobre o papel que alguns poloneses desempenharam nos crimes nazistas. Ativistas dizem que a aprovação do projeto de lei tem encorajado um crescimento no antissemitismo.