Por Louis Charbonneau
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Tropas da ONU nas Colinas de Golã estão deixando quatro de suas bases e um acampamento no lado sírio da fronteira sírio-israelense, devido a uma grave deterioração da segurança na região, disse a Organização das Nações Unidas nesta segunda-feira.
A decisão de levar os observadores capacetes azuis para o lado israelense das Colinas de Golã veio depois de confrontos recentes entre membros da missão da ONU, conhecida como Undof, e militantes ligados à al Qaeda. A medida ocorre em face de uma expansão generalizada dos três anos de guerra civil na Síria.
"A situação da Undof no lado sírio e da área de separação se deteriorou severamente ao longo dos últimos dias", disse o porta-voz da ONU Stephane Dujarric a repórteres.
"Os grupos armados fizeram avanços na área de posições da Undof, representando uma ameaça direta para a segurança das forças de paz da ONU ao longo da linha de 'Bravo' (síria) e no Camp Faouar", disse ele, acrescentando que todo o pessoal das Nações Unidas nessas posições havia sido transferido para o lado israelense.
De acordo com uma fonte diplomática, as tropas se afastaram de quatro posições na parte norte da área chamada de separação.
"A Undof continua a usar todos os meios disponíveis para realizar suas tarefas obrigatórias neste ambiente extremamente desafiador", disse Dujarric.
A Undof, que foi criada em 1974, monitora uma linha de cessar-fogo que tem separado israelenses de sírios nas Colinas de Golã desde a guerra de 1973.
Separadamente, um novo relatório da ONU sobre a Undof, apresentado ao Conselho de Segurança, ao qual a Reuters obteve uma cópia antecipadamente, disse que os militares sírios e vários grupos armados têm aumentado a sua presença ao longo da linha de cessar-fogo, em violação da trégua de 1973, forçando a missão a abandonar posições-chave.
Isso foi "impactando significativamente a capacidade da missão de cumprir o seu mandato", acrescentou.
Não houve indicação de que a Undof foi encerrada. No mês passado, 45 soldados da paz de Fiji foram sequestrados por membros da Frente Nusra, filiada à al Qaeda, que reúne militantes islâmicos que combatem o Exército sírio. Eles foram liberados na semana passada. Na época em que os representantes de Fiji foram sequestrados, 72 filipinos das forças de paz Undof foram presos pelos militantes, embora eles tenham conseguido fugir.
Síria e Israel permanecem tecnicamente em guerra. Tropas sírias não são permitidas na área de separação, uma estreita faixa de terra que vai desde a 70 km do Monte Hermon, na fronteira libanesa, até o Rio Yarmouk, na fronteira com a Jordânia.
A Undof monitora a área de separação, com cerca de 1.220 soldados das forças de paz de seis países.
Antes da guerra civil síria, agora em seu quarto ano, a região era geralmente tranquila e as forças de paz encontravam no tédio seu maior inimigo. O pessoal da força de paz vem de Fiji, Índia, Irlanda, Nepal, Holanda e Filipinas.
(Reportagem adicional de Michelle Nichols)