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Atividade econômica tem forte contração de 5,90% em março e cai 1,95% no 1º tri, aponta BC

Publicado 15.05.2020, 09:14
© Reuters. Homem passa por barraca com máscaras à venda na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - Os impactos das restrições devido às medidas de contenção do coronavírus pesaram com força sobre a economia brasileira e o índice de atividade do Banco Central sofreu em março a maior contração da série histórica, indicando recuo de quase 2% no primeiro trimestre.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), teve queda em março de 5,90% na comparação com fevereiro, em dados dessazonalizados informados pelo BC nesta sexta-feira.

Foi o resultado negativo mais intenso na série histórica do IBC-Br iniciada em 2003, ainda que melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 6,95%.

O desempenho apagou o ganho de 0,32% em fevereiro, em dado revisado pelo BC após divulgar alta de 0,35% anteriormente.

Com isso, os três primeiros meses do ano terminaram com perda de 1,95% sobre o trimestre anterior, pior resultado para um trimestre fechado desde o segundo trimestre de 2015 (-2,34%), mostrando que o coronavírus jogou por terra qualquer expectativa positiva que existisse no início do ano.

O IBGE divulgará os dados do PIB do primeiro trimestre em 29 de maio.

Na comparação com março de 2019, o IBC-Br apresentou perda de 1,52% e, no acumulado em 12 meses, teve avanço de 0,75%, segundo números observados.

Embora o fechamento de indústrias e empresas no Brasil, além da determinação que as pessoas fiquem em casa, já tenham afetado a economia em março, os impactos devem ser ainda mais pronunciados em abril.

Em março, o período de confinamento não compreendeu todo o mês e variou em todo o país, sendo intensificado no fim do mês.

"O resultado da atividade real no primeiro trimestre de 2020 foi fraco, mas não representa o cenário para a economia já que o impacto do Covid-19 foi sentido principalmente durante a segunda metade de março", ressaltou Alberto Ramos, diretor de pesquisas econômicas para a América Latina do Goldman Sachs, calculando retração de 1,4% do PIB no primeiro trimestre sobre o período anterior.

"Além disso, a atividade também será negativamente impactada pelo forte aperto das condições financeiras domésticas, rápido enfraquecimento da demanda externa e deterioração do comércio", completou.

A produção industrial do Brasil despencou 9,1% em março na comparação com o mês anterior, indicando ainda mais perdas para o mês seguinte.

Já o setor de serviços do Brasil apresentou em março o maior recuo na série histórica diante do isolamento social, de 6,9% em relação a fevereiro.

Por outro lado, as vendas de supermercados e artigos farmacêuticos limitaram as perdas do varejo brasileiro no mês, que registrou recuo de apenas 2,5%.

A atividade econômica do país chegou a dar sinais positivos no começo do ano, mas todo esse cenário foi desmantelado pelas consequências da pandemia em meio a férias coletivas, paralisações, menor demanda e isolamento social.

Nesta semana, o Ministério da Economia passou a projetar contração do PIB em 2020 de 4,7%, contra alta de 0,02% vista em março. Esse seria o pior resultado da série história que começou em 1900.

© Reuters. Homem passa por barraca com máscaras à venda na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro

Por sua vez, o BC destacou que vê queda forte do PIB na primeira metade deste ano, seguida de uma recuperação gradual a partir do terceiro trimestre.

Na semana passada, o BC reduziu a taxa básica de juros acima do esperado, à mínima histórica de 3% ao ano, e sinalizou um último corte à frente para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.

A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostra que o mercado já prevê contração de 4,11% para a economia este ano, indo a um crescimento de 3,20% em 2021.

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