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Blogueiros estão na mira das autoridades de comércio dos EUA

Publicado 29.06.2009, 10:02
PMC
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Paula Gil.

San Francisco (EUA), 29 jun (EFE).- Os blogs de consumo cresceram com seus conselhos sobre os artigos que valem a pena ser comprados, às vezes com pagamento das marcas, mas esta prática pode acabar nos Estados Unidos com a entrada em cena de um novo ator: o Governo.

Daniel Garcia, apelidado de "The Consumer King" ("O Rei do Consumidor", em tradução livre) e colaborador do blog sobre consumo "consumerqueen.com", está fascinado com o novo aspirador Platinum Collection Cordless Stick Vac da marca Hoover.

"Desde que abri a caixa até o momento em que aspirei o chão do quarto do meu filho, fiquei surpreendido", escreve Garcia em uma das críticas de produtos do blog. "Não diga isso para minha esposa, mas, com este aparelho, não me importo de passar o aspirador", acrescenta.

A fascinação de Garcia pela nova Hoover pode parecer real, mas uma olhada na normativa legal do blog faz com que surjam dúvidas sobre a sinceridade da opinião.

Como a maioria dos blogueiros que falam sobre temas de consumo, os colaboradores do "consumerqueen.com" recebem pagamentos de diversos fabricantes em troca de escrever seus comentários.

"Embora os donos deste blog obtenham uma compensação por seus artigos ou publicidade, sempre damos nossas opiniões honestas, crenças ou experiências sobre esses assuntos ou produtos", asseguram os administradores do blog.

Apesar de o leitor ocasional não saber disso muitas vezes, a maioria dos responsáveis de blogs não escrevem só por amor à blogosfera, mas também para obter produtos gratuitos e, em algumas ocasiões, elevadas compensações econômicas por seus artigos.

Atualmente, o blogueiro decide se comunica a seus leitores sobre de que empresas recebeu dinheiro ou presentes e, embora muitos o façam, outros preferem esconder esses dados para ter uma maior credibilidade entre os internautas.

A prática se popularizou ao ponto de a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, em inglês) ter decidido dar as cartas no assunto e pretende aprovar novas medidas que permitam ao organismo controlar blogueiros e anunciantes mais de perto.

Pela primeira vez na história, a FTC vigiará os blogs sobre temas de consumo à caça de relações comerciais ocultas para o leitor e de conflitos de interesses.

"Se você entra em uma loja, você sabe que o vendedor é um vendedor", disse à imprensa americana Rich Cleland, da divisão de práticas propagandistas da FTC.

"Na internet, o consumidor deveria saber se alguém tem uma motivação econômica para dizer o que está dizendo", complementa Cleland.

A nova normativa não se limitará a blogs convencionais, mas também a outros meios como a página de microblogging Twitter, onde alguns anunciantes pagam usuários para que escrevam comentários positivos sobre produtos.

Mercedes Levy, responsável pelo blog "commonsensewithmoney.com", diz que é necessário os leitores saibam claramente quais são as motivações do blogueiro.

"Me parece uma boa ideia que as pessoas que escrevem um blog divulguem este tipo de relações a seus leitores", disse Levy à Agência Efe.

No caso da blogueira, os leitores têm acesso aos termos de seu blog, onde ela esclarece que recebe dinheiro por escrever suas opiniões sobre "produtos, serviços, sites e outros assuntos".

No entanto, Levy não detalha sua relação com cada um dos fabricantes sobre os quais escreve. "Comunicar cada uma das relações aos leitores interrompe o fluxo de comunicação e pode ser confuso", argumentou.

Alguns blogueiros consideram como positivo que exista mais uniformidade nas normativas e acham que isso também beneficiaria os anunciantes, mas acham que os padrões não deveriam ser ditados pela FTC.

"Sempre é melhor que os blogueiros regulem a si mesmos", disse Robert Cox, presidente da Associação de Blogueiros de Meios de Comunicação em New Rochelle, no estado americano de Nova York.

Outros especialistas acham que a falta de normas unificadas faz com que haja abusos e lembram que, na imprensa convencional, os jornalistas normalmente são proibidos de aceitar presentes e devem devolver os produtos após escrever suas críticas. EFE

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