Por Lindsay Dunsmuir e Michael S. Derby
(Reuters) - As autoridades do Federal Reserve indicaram nesta sexta-feira que ainda considerariam um aumento menor da taxa de juros em sua próxima reunião de política monetária, apesar de novos dados mostrarem mais um mês de ganhos robustos de empregos e apenas pequenos sinais de progresso na redução da inflação.
Os Estados Unidos criaram 261 mil novos postos de trabalho no mês passado, disse o Departamento do Trabalho em seu relatório de emprego, bem acima do ganho de 200 mil esperado por economistas em uma pesquisa da Reuters. Os dados de setembro foram revisados para cima para mostrar 315 mil empregos criados, em vez dos 263 mil relatados anteriormente, mas a taxa de desemprego subiu de 3,5% para 3,7%.
Os números de vagas de emprego mostram que "o mercado de trabalho continua apertado", disse o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, à emissora CNBC logo após a divulgação dos dados, acrescentando que, no entanto, ele está pronto para agir de forma mais "deliberativa" no ritmo dos aumentos futuros dos juros, mesmo que ele mantenha a mente aberta sobre o resultado da reunião de política monetária de dezembro.
"Quando você pisa no freio, você pensa em dirigir de uma maneira muito diferente... às vezes você age um pouco mais deliberadamente, e estou pronto para fazer isso", disse Barkin. "E eu acho que a implicação disso deve ser um ritmo mais lento de aumento de taxa, um ritmo mais longo de aumento de taxa e potencialmente um ponto final mais alto."
O banco central dos Estados Unidos elevou os juros em 75 pontos base na quarta-feira pela quarta reunião consecutiva, mas sinalizou que espera mudar para elevações menores nos custos de empréstimos já em seu próximo encontro, conforme dá tempo para a economia absorver o aperto mais rápido dos juros em 40 anos.
No entanto, o chair do Fed, Jerome Powell, endureceu essa mensagem em uma entrevista coletiva após o final da reunião de dois dias desta semana com um aviso de que os aumentos dos juros, embora possivelmente menores, persistirão por tempo suficiente para que os juros permaneçam mais altos do que as autoridades pensavam anteriormente e que qualquer fala em uma pausa é "muito prematura". A taxa básica de juros do Fed está atualmente na faixa de 3,75% a 4,00%.
A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) este ano, ecoou esse novo mantra.
"Com os juros agora em território restritivo, acredito que é hora de mudar o foco do ritmo de aumento de taxa para o patamar, em outras palavras, determinar o que é suficientemente restritivo", disse Collins em um discurso a Brookings Institution.
O Fed está tentando suavizar o mercado de trabalho o suficiente para conter o alto nível de vagas de emprego disponíveis e o crescimento dos salários, que ajudaram a alimentar a inflação, sem causar um aumento acentuado no desemprego, o que faria com que o banco precisasse diminuir o ritmo de elevações mais cedo do que o desejado.
Os dados de emprego persistentemente fortes também dificultam o afrouxamento do banco central, aumentando a probabilidade de elevar os custos dos empréstimos tanto que acabe derrubando a economia e desencadeando uma recessão dolorosa.
"A demanda permanece sólida", disse Barkin. "Não estamos recebendo muita ajuda do lado da oferta, a participação está baixa. E acho que as empresas estão apenas segurando os trabalhadores."
O Fed teve pouco sucesso em reduzir a taxa de inflação mais alta em 40 anos, com sua medida preferida rodando a mais de três vezes a meta de 2% do banco central. A atenção agora se volta para a divulgação na próxima quinta-feira dos dados mensais do índice de preços ao consumidor, que fornecerão uma nova leitura da batalha inflacionária do Fed.
O relatório de emprego desta sexta-feira ofereceu algumas indicações de progresso, principalmente a desaceleração dos ganhos de emprego em alguns setores. A parte da pesquisa doméstica do relatório também mostrou uma queda acentuada no emprego, enquanto o aumento da taxa de desemprego sugere afrouxamento nas condições do mercado de trabalho.
(Reportagem de Lindsay Dunsmuir, Michael S. Derby, Dan Burns e Ann Saphir)