Por Michael S. Derby
NOVA YORK (Reuters) - Autoridades do Federal Reserve acreditam que seu esforço para reduzir a carteira de títulos do banco central dos Estados Unidos está longe de terminar, o que contraria a ideia de alguns economistas de que a diminuição da liquidez do setor financeiro encerraria a redução nos próximos meses.
Em vez disso, as autoridades do Fed avaliam que existe muita liquidez que podem remover como parte de seus esforços para apertar as condições financeiras e reduzir a inflação.
Essas autoridades destacaram que o banco central, em algum momento, poderia até diminuir a taxa de juros de curto prazo, uma vez que continua a reduzir o balanço patrimonial de cerca de 8,5 trilhões de dólares, e que tal movimento não estaria em desacordo com a política monetária mais ampla.
"Estou confiante de que temos espaço para continuar a escoar nossos ativos por algum tempo", disse a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, em um discurso neste mês. "Exatamente por quanto tempo vai depender de uma avaliação cuidadosa do ambiente financeiro."
O Fed mais que dobrou o tamanho de seu balanço patrimonial entre março de 2020 e o verão passado (no hemisfério norte) por meio de compras agressivas de Treasuries e dívidas lastreadas em hipotecas, que levaram a carteira do banco central a atingir um recorde de cerca de 9 trilhões de dólares. As compras ajudaram a estabilizar os mercados financeiros e forneceram estímulo econômico para além da política de taxa de juros em quase zero implementada quando a pandemia de coronavírus começou.
Agora, o banco central pretende descarregar quase 100 bilhões de dólares por mês e, até agora, essa abordagem retirou quase 420 bilhões de dólares em títulos do balanço do Fed.
'PODE CHEGAR LÁ EM BREVE'
O desafio para o Fed agora é até onde ir. Tirar muita liquidez pode ameaçar o controle sobre os juros de curto prazo e desencadear uma repetição do tumulto do mercado em setembro de 2019, que marcou o fim do primeiro esforço de redução de balanço, também conhecido como aperto quantitativo. Então, o Fed foi forçado a intervir nos mercados e reverter o curso para reconstruir as reservas bancárias por meio de novas compras líquidas de títulos.
Autoridades do Fed e observadores externos não esperam que isso aconteça novamente. Por um lado, o chair do Fed, Jerome Powell, já disse que não quer testar até que ponto o banco central pode encolher as reservas. Enquanto isso, o Fed tem um mecanismo novo e ainda não testado chamado "Standing Repo Facility", que pode fornecer liquidez rápida se empresas financeiras precisarem.
Desde que o Fed começou a aumentar os custos dos empréstimos em março de 2022, as reservas caíram de 3,9 trilhões de dólares para 3 trilhões de dólares agora. Essa contração, juntamente com questões regulatórias e outras considerações, levou alguns analistas a especular sobre a iminência de uma escassez de reservas.
Alguns ainda acreditam nesse ponto. Boris Senderovich, analista de renda fixa do Scotiabank, disse em nota na semana passada que as reservas agora representam cerca de 13,3% do Produto Interno Bruto dos EUA. Cerca de 11% é o ponto em que eles podem começar a ficar sem reservas e, no ritmo atual de contração das reservas, disse ele, "poderíamos chegar lá em pouco tempo", talvez já em junho.