Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 2,944 bilhões de dólares em setembro, melhor marca para o mês em quatro anos, consolidando uma das poucas frentes em que o país tem registrado dados positivos.
O resultado veio acima da expectativa de 2,4 bilhões de dólares apontada em pesquisa Reuters com economistas, ajudando o superávit no acumulado do ano a alcançar 10,246 bilhões de dólares, o mais alto para o período de janeiro a setembro desde 2012, quando o saldo ficou positivo em 15,695 bilhões de dólares.
O desempenho, contudo, segue refletindo a deterioração econômica, com as importações recuando mais do que as exportações.
As importações recuaram 32,7 por cento em setembro pela média diária, ante o mesmo mês do ano passado, para 13,204 bilhões de dólares, ao passo que o recuo nas exportações na mesma base foi de 13,8 por cento, a 16,148 bilhões de dólares.
No acumulado do ano até setembro, as exportações recuaram 16,3 por cento, a 144,495 bilhões de dólares, enquanto as importações caíram 22,6 por cento ante o mesmo período do ano passado, a 134,249 bilhões de dólares.
Respondendo à essa dinâmica mas também à expressiva derrocada no preço do petróleo, a conta de petróleo e derivados ficou negativa nos primeiros nove meses do ano em 3,555 bilhões de dólares, expressiva redução ante o déficit de 12,884 bilhões de dólares de janeiro a setembro de 2014.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, estimou que o superávit no ano chegará a cerca de 15 bilhões de dólares, ante estimativa anterior de saldo positivo de 12 bilhões de dólares.
A balança comercial no azul vem diminuindo o déficit brasileiro em conta corrente, apesar da vertiginosa queda de preços de importantes commodities para a pauta comercial brasileira continuar ofuscando o aumento dos volumes exportados.
Foi o que aconteceu em setembro com o minério de ferro e o farelo de soja que, apesar do aumento dos volumes embarcados, os valores arrecadados em dólares recuaram 40,4 por cento e 23,7 por cento, respectivamente, na comparação com igual mês do ano passado.
As exportação de produtos básicos recuaram 19,6 por cento no mês sobre um ano antes, enquanto semimanufaturados tiveram queda de 12,2 por cento e manufaturados, declínio de 4,6 por cento.
Na ponta das importações, houve retração em setembro em todas as categorias, sendo de 61,9 por cento em combustíveis e lubrificantes, de 27,4 por cento em bens de capital, de 26,0 por cento em matérias-primas e intermediários e de 23,4 por cento em bens de consumo.
O diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério, Herlon Brandão, afirmou nesta quinta-feira que para o restante do ano há uma tendência sazonal de importações menos aquecidas, acompanhadas por maior esforço exportador.
"Como começo de ano é momento de baixa atividade econômica, empresas importam menos", disse Brandão, lembrando que as exportadoras, por outro lado, tentam diminuir seus estoques.