Londres, 2 nov (EFE).- O Banco da Inglaterra (banco central britânico) anunciou nesta quinta-feira o primeiro aumento na taxa básica de juros no Reino Unido em dez anos, ao elevá-la de 0,25% para 0,5%.
O comitê de política monetária da instituição decidiu, por sete votos a favor e dois contra, aplicar o aumento, indo assim na contramão da queda de 0,25% que havia aplicado em agosto de 2016. A redução foi uma medida para evitar grandes oscilações na economia após a vitória do Brexit (saída do país da União Europeia) no referendo do dia 23 de junho do ano passado.
O Banco da Inglaterra considerou que a economia britânica, que apresenta crescimento de 1,5% considerando os últimos 12 meses, está suficientemente consolidada para resistir a este aumento, que visa conter o avanço da inflação, medida em setembro a 3%, também levando-se em conta o período de 1 ano.
Este é o primeiro aumento das taxas de juros no Reino Unido desde julho de 2007, antes da explosão da crise de crédito global, que levou o país a uma recessão.
Para enfrentar essa crise, o banco baixou os juros para 0,5% em março de 2009, nível no qual permaneceram até a redução de agosto de 2016, que marcou o menor patamar de sua história.
O Banco da Inglaterra decidiu também hoje manter intacto seu programa de expansão quantitativa - para estimular a economia -, no qual investiu um total de 445 bilhões de libras para a compra de títulos de dívidas pública (majoritariamente) e privada.
No relatório divulgado hoje, a instituição prevê que a economia britânica "vai crescer modestamente nos próximos anos", enquanto o consumo, motor econômico, "se manterá frágil a curto prazo" até eventualmente aumentar, atrelado aos salários.
O banco reconheceu que, embora os efeitos do Brexit tenham sido menores do que o esperado, "afetaram o investimento empresarial", apesar de terem beneficiado as exportações.
"Espera-se que a inflação caia no próximo ano, até eventualmente chegar à meta de 2%", afirmou a instituição, destacando que qualquer aumento futuro dos juros será "moderado e gradual".
Com o desemprego em 4,3% - o menor índice em 12 anos -, a economia britânica resistiu melhor do que o previsto aos efeitos da negociação do Brexit com Bruxelas e cresceu no terceiro trimestre 0,4%, acima da taxa de 0,3% registrada nos dois trimestres anteriores. No acumulado em 12 meses, houve um crescimento de 1,5%, pouco abaixo dos 2% estimados em março pelo governo.
Apesar desse cenário, os salários baixos e o aumento das dívidas das famílias, que afligem a demanda interna, levam muitos analistas a avaliar que a elevação de hoje nos juros foi pontual e não marcou o começo de uma série de aumentos.