Por Howard Schneider e Ann Saphir
(Reuters) - As condições de crédito para empresas e famílias norte-americanas continuaram apertadas nos primeiros meses do ano, de acordo com uma pesquisa do Federal Reserve com diretores de empréstimos bancários, mas os resultados parecem marcar o impacto cumulativo do aperto monetário do Fed, e não o declínio acentuado do crédito que alguns temiam após o colapso de março do Silicon Valley Bank.
A Pesquisa de Opinião do Diretor de Empréstimos Sênior trimestral do Fed, ou SLOOS na sigla em inglês, um dos primeiros indicadores de humor em todo o setor bancário desde a recente série de falências de instituições financeiras, mostrou um índice líquido de 46,0% dos bancos com termos de crédito mais rígidos para uma categoria-chave de empréstimos comerciais para empresas de médio e grande porte em comparação com 44,8% na pesquisa anterior em janeiro --uma mudança modesta e gradual.
Para as pequenas empresas, as condições eram um pouco mais rigorosas, com 46,7% dos bancos afirmando que as condições de crédito eram mais rígidas agora, contra 43,8% na última pesquisa.
O acesso ao crédito pode ser apenas parte da história, uma vez que bancos também relatam que limitaram o tamanho dos empréstimos e aumentaram o custo dos empréstimos.
Do lado do consumidor, os bancos disseram que voltou a prevalecer uma demanda fraca por cartão de crédito, automóvel e outras formas de crédito às famílias, embora não no grau observado no final do ano passado. As instituições financeiras, em geral, mostraram menor disposição para fornecer empréstimos ao consumidor parcelados e também limitaram o tamanho dos empréstimos para automóveis, por exemplo.
Maior importância
A pesquisa trimestral de agentes de crédito assumiu particular importância desde a falência, em março, do Silicon Valley Bank e o potencial contínuo de estresse entre os bancos regionais em geral.
“As tensões que surgiram no setor bancário no início de março parecem resultar em condições de crédito ainda mais rígidas para famílias e empresas”, disse o chair do Fed, Jerome Powell, em coletiva de imprensa na quarta-feira. "Por sua vez, essas condições de crédito mais apertadas provavelmente pesarão sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação. A extensão desses efeitos permanece incerta."
Economistas esperam que o crédito continue a diminuir nos próximos meses e a pesquisa serve como um indicador importante de como o crédito bancário provavelmente evoluirá ao longo do tempo.
Economistas que estudam as respostas do SLOOS dizem que o aumento dos bancos que restringem os padrões gradualmente abre caminho para a desaceleração da atividade econômica e pode até ser um precursor de uma desaceleração.