Por David Milliken e Andy Bruce
LONDRES (Reuters) - O Banco da Inglaterra elevou sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta quinta-feira, para 4,5%, levando os custos de empréstimos ao nível mais alto desde 2008 com seu 12º aumento consecutivo, conforme busca conter a inflação mais rápida entre as grandes economias.
O banco central britânico não prevê mais recessão depois que revisou para cima suas projeções de crescimento ante os números sombrios divulgados em fevereiro, a maior melhora desde que publicou as primeiras previsões em 1997.
Mas agora também espera que a inflação caia mais lentamente do que antes, principalmente devido a aumentos inesperadamente grandes e persistentes nos preços dos alimentos.
"Se houver evidências de pressões mais persistentes, será necessário mais aperto na política monetária", disse o banco central, mantendo a mesma orientação sobre ações futuras que teve em fevereiro e março.
Uma pesquisa da Reuters na semana passada mostrou que a maioria dos economistas esperava que o Banco da Inglaterra mantivesse os juros inalterados após um aumento de 0,25 ponto percentual em maio, mas os juros futuros antes da decisão desta quinta-feira precificavam um pico de 5% para a taxa de juros neste outono do Hemisfério Norte.
As autoridades votaram por 7 a 2 pelo aumento em maio, em linha com as expectativas dos economistas em uma pesquisa da Reuters, com os membros do Comitê de Política Monetária Silvana Tenreyro e Swati Dhingra novamente expressando sua oposição a mais aperto.
O Banco da Inglaterra foi o primeiro grande banco central a começar a aumentar os custos dos empréstimos em dezembro de 2021, mas foi acusado por críticos de não agir de forma agressiva o suficiente, já que a inflação se aproximava de uma máxima de quatro décadas de 11,1% atingida em outubro.
Na semana passada, o Federal Reserve e o Banco Central Europeu elevaram suas taxas de juros de referência em 25 pontos-base. Enquanto o chair do Fed, Jerome Powell, sugeriu uma pausa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que era muito cedo para parar.
O problema da inflação alta no Reino Unido decorre em grande parte de sua forte dependência do gás natural importado para geração de energia, deixando-a particularmente exposta ao aumento dos preços da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia no ano passado.
Os preços da energia caíram acentuadamente e o banco central espera que a inflação caia para 5,1% até o final deste ano, de 10,1% em março. Mas isso é um declínio menor do que a queda para 3,9% prevista em fevereiro e o banco central prevê que a inflação não retornará à meta de 2% até o início de 2025.
Previsões mais altas para os preços dos alimentos adicionaram cerca de 1 ponto percentual à inflação futura em comparação com fevereiro, disse o Banco da Inglaterra.
A maioria das autoridades do banco vê riscos ascendentes "significativos" para essas previsões de inflação. Levando isso em consideração, não se prevê que a inflação fique significativamente abaixo de sua meta em nenhum momento nos próximos anos, mesmo que as taxas de juros subam mais 0,25 ponto ou mais.
O Banco da Inglaterra prevê que a economia crescerá 0,25% este ano - em comparação com a previsão de fevereiro de uma contração de 0,5%.
Energia mais barata, estímulo fiscal e maior confiança empresarial e do consumidor significam que o Banco da Inglaterra agora não prevê mais recessão este ano e espera que a economia fique 2,25% maior em três anos do que antes.