Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central melhorou sua estimativa de crescimento para a economia brasileira em 2023 a 3,0%, de 2,9% estimados em setembro, mostrou o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, que também apresentou projeção de alta de 1,7% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024, de 1,8% antes.
O documento também trouxe uma forte revisão para melhor da chance de a inflação estourar o teto da meta neste ano, passando a projetar que a probabilidade de o índice superar o limite superior de 4,75% da banda de tolerância está em 17%, contra 67% estimados em setembro.
A projeção do BC para o crescimento da atividade se igualou às estimativas do governo neste ano, mas ainda está menos otimista na previsão para 2024. O Ministério da Fazenda divulgou em novembro que espera um crescimento de 3,0% em 2023 e de 2,2% no ano que vem. A pesquisa Focus mais recente, por sua vez, apontou que o mercado prevê uma expansão do PIB de 2,92% em 2023 e 1,51% em 2024.
Dados da atividade econômica surpreenderam positivamente neste ano, mas já começam a indicar uma desaceleração diante dos efeitos da política monetária contracionista promovida pelo Banco Central com o objetivo de controlar a inflação.
De acordo com o relatório, a perspectiva de arrefecimento da atividade econômica se confirmou, embora o crescimento do PIB no terceiro trimestre tenha ficado "ligeiramente maior que o esperado".
O BC justificou que a ligeira revisão para baixo de 2024 reflete recuo nas estimativas para agropecuária e indústria, também prevendo dados mais fracos de consumo do governo e investimentos. Essas quedas não foram totalmente compensadas por previsões melhores para o setor de serviços, as importações e o consumo das famílias.
A autoridade monetária ponderou, no entanto, que sua estimativa considera que haverá uma retomada gradual do crescimento em 2024 após a desaceleração no segundo semestre de 2023.
"O cenário prospectivo inclui aumento do ritmo de crescimento ao longo do próximo ano, com moderação do consumo das famílias, retomada dos investimentos, e manutenção de um balanço favorável nas contas externas", disse.
INFLAÇÃO MENOR
Em relação á inflação, o BC afirmou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu menos do que o previsto no relatório de setembro, com surpresa baixista originada principalmente nos segmentos de preços administrados, especialmente combustíveis, e de bens industriais.
"A inflação cheia e a média dos núcleos de inflação se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes", afirmou.
A autoridade monetária ponderou que não houve mudança relevante na mediana das expectativas de inflação para os próximos anos, que permanecem desancoradas.
No documento, o BC reforçou que sua diretoria antevê novas reduções de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, atualmente em 11,75% a ano, nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter o aperto necessário para o processo desinflacionário.
"O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária", disse, reafirmando comunicado da sua reunião de dezembro.