(Reuters) - O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou nesta segunda-feira que na condução da política monetária os diretores estão de olho nas projeções de inflação do Comitê de Política Monetária (Copom) e o desempenho da atividade econômica.
Em sua primeira fala pública após ter tido sua indicação para assumir a presidência do BC em 2025 aprovada pelo Senado, Galípolo reiterou que cabe à autarquia perseguir o centro da meta de inflação, e que a desancoragem das expectativas para os preços segue sendo uma preocupação.
"A taxa de juros básica aqui está se movendo basicamente observando o que está acontecendo do ponto de vista da atividade e olhando para as projeções da inflação dentro do horizonte relevante", disse ele.
A projeção de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, está em 3,5%, acima da meta central de 3%.
O diretor reafirmou que cabe ao BC colocar a taxa de juros em patamar restritivo suficiente pelo tempo necessário para levar a inflação à meta, sendo mais cauteloso na política monetária em meio a um ambiente com mercado de trabalho mais apertado.
"Dada a volatilidade, a gente está bastante dependente de dados e mais reativo", disse.
Ele afirmou que o modelo do BC para projeção da inflação é essencial e "organiza o debate", reduzindo divergências na diretoria, mas disse que não há relação mecânica entre o modelo e a decisão do Copom.
Os juros básicos estão atualmente em 10,75% ao ano após o BC reiniciar um ciclo de alta na Selic citando um cenário com resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho e elevações nas projeções e expectativas de inflação.
No evento, Galípolo destacou que as sucessivas surpresas positivas nos dados de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) são "tema central" para o BC, argumentando que esse ponto parece estar entre as razões para a desancoragem das expectativas.
O diretor avaliou que, olhando projeções de mercado do boletim Focus e informações de inflação implícita, "não parece" que há visão sobre uma eventual descontinuidade na atuação do BC.
Galípolo, que assume a presidência da autoridade monetária em janeiro de 2025, afirmou que a transição feita pelo atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, "tem sido grande exemplo de institucionalidade".
(Por Bernardo Caram)