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BC mantém juros e desiste de levar inflação para meta em 2016

Publicado 21.10.2015, 23:04
© Reuters. Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante encontro anual do FMI e do Banco Mundial, em Lima
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Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central manteve a taxa básica de juros do país em 14,25 por cento ao ano, mas jogou a toalha em relação à convergência da inflação para o centro da meta em 2016, adiando o objetivo para 2017, em meio ao cenário de indefinições fiscais e turbulências políticas no país.

Em comunicado após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC informou que a política monetária se manterá vigilante, o que visto por economistas como uma indicação de que os juros poderão subir, caso o cenário se deteriore.

"O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária", disse o Copom, acrescentando que "a política monetária se manterá vigilante para a consecução desse objetivo", trouxe o comunicado da decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado.

O BC vinha reforçando o objetivo de levar a inflação para o centro da meta --de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos-- no final de 2016, apesar da escalada do dólar, fiando-se principalmente na contribuição da fraqueza econômica para o arrefecimento dos preços domésticos.

"O Copom agora está mirando a convergência para a meta no horizonte relevante da política monetária, o que significa, tradicionalmente, dois anos à frente (por exemplo, 4º trimestre de 2017)", afirmou o diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em nota.

Na visão do economista-chefe do banco J.Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, o BC agiu certo ao mudar sua perspectiva, mantendo ao mesmo tempo a porta aberta para subir os juros ao agregar no comunicado a frase de que a política monetária vai ser vigilante.

"Com uma economia que vai cair 3 por cento ou mais esse ano e cerca de 2 por cento ou mais no ano que vem, produzir uma contração ainda maior pra gerar convergência a ferro e fogo num momento em que o grande problema não é a taxa de juros, é fiscal, seria um erro", disse Kawall.

De outubro do ano passado a julho deste ano, o BC subiu os juros em 3,25 pontos percentuais, buscando com isso combater a inflação, que em 12 meses se aproxima de 10 por cento.

Pesquisa Reuters mostrou que todos os 48 economistas consultados previam que a Selic ficaria inalterada no maior patamar desde 2006 com a decisão desta quarta-feira.

Com a alteração no comunicado, o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, passou a considerar a manutenção da Selic em 14,25 por cento ao longo de todo ano de 2016, ante perspectiva anterior de um espaço para redução dos juros de até 1 ponto percentual no ano que vem.

"Acho que eles (BC) vão monitorar provavelmente a evolução das expectativas principalmente para 2017 e só voltarão a subir os juros em algum momento lá na frente, em 2016, se essas expectativas começarem a se afastar muito dos 4,5 por cento."

PERSPECTIVAS PARA INFLAÇÃO

O movimento do BC pela manutenção da Selic foi tomado mesmo com as sucessivas pioras nas expectativas para a inflação, alimentadas pela continuidade do desarranjo fiscal e forte valorização do dólar sobre o real que, neste ano, já soma cerca de 45 por cento.

Na mais recente pesquisa Focus, economistas de instituições financeiras passaram a ver a inflação medida pelo IPCA em 6,12 por cento em 2016, contra 6,05 por cento anteriormente. Para 2017, a expectativa é há duas semanas de inflação a 5 por cento.

Recentemente, o presidente do BC, Alexandre Tombini, reconheceu que a alta do dólar impõe dificuldades adicionais para a política monetária, mas disse que o BC não pode reagir de forma exagerada a movimentos de curto prazo do mercado, pois poderia gerar mais volatilidade.

Na avaliação da economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, não havia condições de o BC continuar se atendo à convergência da inflação para a meta em 2016, já que o mercado não a considerava crível.

Por isso, ao contrário de outros anos em que o não atingimento da meta era visto como senha de um BC leniente com a inflação, desta vez o mercado deverá ser mais compreensivo com a autoridade monetária.

"É o BC reconhecendo que não tem muito o que ele fazer ... Só política monetária pra trazer inflação pra meta é complicado, precisa de mais fiscal", disse.

© Reuters. Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante encontro anual do FMI e do Banco Mundial, em Lima

O governo deve anunciar nova redução em seu resultado primário este ano, num cenário de recessão econômica afetando a arrecadação e com a crise política emperrando o ajuste fiscal. A expectativa é de anúncio de um déficit primário que pode somar 85 bilhões de reais --incluindo o pagamento das "pedaladas fiscais" --, ante meta atual de um superávit de 8,7 bilhões de reais, que já havia sido drasticamente achatada em julho.

(Reportagem adicional de Silvio Cascione e Alonso Soto)

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