O Comitê de Política Monetária (Copom) alterou a sua avaliação sobre o processo de desinflação no Brasil entre a reunião de junho e a desta quarta-feira, 31, reconhecendo que o ritmo de alívio do IPCA agora está ocorrendo mais lentamente.
"A desinflação medida pelo IPCA cheio tem arrefecido, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes", diz o comunicado do colegiado.
Antes, o comitê dizia que a inflação cheia ao consumidor estava em um processo de desinflação, embora as medidas subjacentes estivessem acima da meta.
Ainda sobre o cenário doméstico, o BC reforçou que indicadores de atividade econômica e de mercado de trabalho têm apresentado dinamismo "maior que o esperado."
Política monetária deve seguir contracionista
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) repetiu nesta quarta no comunicado, após reunião em que decidiu manter a Selic em 10,50% ao ano, que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta. O colegiado também reforçou que se manterá vigilante e relembrou que "eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".
No documento, a autoridade monetária acrescentou que a decisão pela manutenção do juro levou em conta cenário que demanda "acompanhamento diligente e ainda" maior cautela em relação à edição do mês passado. Sobre o quadro internacional, o BC citou as incertezas. No doméstico, mencionou a conjuntura formada por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas.
O comunicado repetiu que a conjuntura atual - caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador - demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.
A cúpula do BC escreveu que entende que a decisão de hoje é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, mas retirou a observação, feita em junho, de que esse período inclui o ano de 2025. "Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego."