BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central melhorou nesta quinta-feira sua estimativa para o déficit em transações correntes a 41 bilhões de dólares em 2020, contra rombo de 57,7 bilhões de dólares projetado em dezembro, ao mesmo tempo em que cortou a perspectiva para os Investimentos Diretos no País (IDP) a 60 bilhões de dólares, sobre 80 bilhões de dólares antes.
Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o BC afirmou que a conta de IDP deve vir mais fraca pelas incertezas relacionadas aos impactos econômicos do coronavírus, enfraquecimento do comércio internacional e choque de preços do petróleo.
Já a melhora para o rombo em transações correntes vem principalmente pela projeção de menor déficit na conta de renda primária. Dentro dessa rubrica, o BC agora vê remessas de lucros e dividendos de 25 bilhões de dólares neste ano, ante 34 bilhões de dólares antes, resultado do câmbio mais depreciado e de menor desempenho da atividade doméstica.
O BC também melhorou o cálculo para o déficit na conta de serviços, agora projetado em 30,2 bilhões de dólares, sobre 36,0 bilhões de dólares antes. Nessa linha, pesou a redução de 6,5 bilhões de dólares nas despesas líquidas com viagens internacionais, também pelas restrições impostas pela pandemia do Covid-19.
Em relação à balança comercial, o BC agora vê um superávit de 33,5 bilhões de dólares, sobre 32,0 bilhões de dólares antes, mas com forte queda nos desempenhos esperados tanto nas exportações (191,0 bilhões de dólares contra 225,0 bilhões de dólares antes), quanto nas importações (157,5 bilhões de dólares, contra 193,0 bilhões de dólares na projeção feita em dezembro).
"Em relação às vendas externas, a forte queda nos preços das commodities é o principal fator da revisão, acompanhada da redução nas exportações de produtos manufaturados devido ao ambiente externo mais desafiador", disse o BC.
"A redução no valor das importações tem como principais vetores a desvalorização do real frente ao dólar americano e o menor crescimento da atividade doméstica. Em função das novas estimativas, a corrente de comércio deve recuar 15,2% em 2020", completou.
(Por Marcela Ayresne)