BC prega cautela e cita tarifas comercias dos EUA contra o Brasil

Publicado 23.09.2025, 10:13
© Reuters BC prega cautela e cita tarifas comercias dos EUA contra o Brasil

O BC (Banco Central) disse que o cenário atual é marcado por “elevada incerteza” e exige cautela na condução da política monetária. Afirmou que acompanha os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil.

A autoridade monetária disse que a manutenção da Selic em 15% ao ano é a decisão “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o retor da meta”. A ata do Copom afirma ainda que os passos futuros da política monetária “poderão ser ajustados”, e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

O colegiado declarou que avaliará se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período “bastante prolongado” é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.

“O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho”, disse.

O BC manteve na 4ª feira (17.set.2025) a Selic em 15% ao ano. A decisão foi unânime e era esperada pelo mercado financeiro.

É a 2ª vez seguida que o Copom (Comitê de Política Monetária) mantém a taxa básica de juros nesse patamar. Na reunião de julho, a autoridade monetária interrompeu o ciclo de altas na Selic, iniciado em setembro de 2024 –há quase 1 ano. Eis a íntegra (PDF – 45 kB) do comunicado.

TAXA SELIC

A taxa permanece no maior patamar desde julho de 2006, quando era de 15,25% ao ano –a taxa ficou neste nível de 1º de junho a 19 de julho de 2006. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estava na reta final de seu 1º mandato naquele ano.

A última vez que o BC cortou os juros foi em maio de 2024, quando a taxa foi a 10,5% ao ano. Depois, realizou duas manutenções antes de iniciar as altas novamente.

A autoridade monetária já sinalizou que parte do impacto da Selic elevada “ainda está por vir” e que deverá ficar em 15% por período prolongado.

RAZÕES PARA MANUTENÇÃO

O comunicado do Copom afirma que o cenário externo segue “incerto” por causa da conjuntura e da política econômica dos Estados Unidos. O colegiado diz que seguirá acompanhando os desdobramentos do tarifaço sobre o Brasil.

O Banco Central avalia que a atividade econômica no Brasil apresenta “certa moderação no crescimento”, mas afirma que o mercado de trabalho “ainda mostra dinamismo”. O colegiado indica que continuará sem subir o juro-base por mais tempo e que observará se essa medida é suficiente para “assegurar a convergência da inflação à meta”.

Reforçou que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.

FATOR INFLAÇÃO

Em junho, o BC elevou a Selic ao patamar atual na tentativa de controlar o aumento de preços na economia e ancorar as expectativas dos agentes financeiros. Responsável por medir a inflação oficial do Brasil, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) anualizado em agosto foi de 5,13%. Houve deflação de 0,11% na taxa mensal.

A inflação anual do país está fora do intervalo permitido pela meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O colegiado formado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, estabeleceu um objetivo inflacionário de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5% ao ano.

A taxa no acumulado em 12 meses segue acima do teto da meta, de 4,5%. A última vez que o IPCA anualizado esteve dentro dos limites foi em setembro de 2024, quando subiu 4,42%.

O Banco Central tem a responsabilidade de controlar a inflação. A autoridade monetária publicou uma carta em julho para dizer que a taxa anualizada deve voltar para o intervalo permitido no 1º trimestre de 2026.

JURO REAL

A decisão do Copom mantém o Brasil com o 2º maior juro real do mundo (descontada a inflação). A taxa é de 9,51% ao ano. O país só está atrás da Turquia, com juro real de 12,34%.

O levantamento ex-ante, quando há estimativa dos juros reais para os próximos 12 meses, foi realizado pelas consultorias MoneYou e Lev Asset Management. O cálculo compara 40 nações.

Leia mais em Poder360

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.