📢 Estratégia de IA ProPicks para investir após techs caírem. Subiu em julho 2x acima do S&P!Lista Completa

BC sinaliza contração menor do PIB, mas alerta sobre incerteza fiscal afetando investimentos

Publicado 19.10.2020, 12:08
© Reuters. .

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou nesta segunda-feira que a contração da economia neste ano deverá ser menor que a recentemente indicada pela autoridade monetária, mas repetiu que o Brasil deve reforçar sua credibilidade fiscal num momento em que incertezas estão prejudicando os investimentos no país.

Em participação online na Milken Institute Global Conference, ele estimou que haverá recuo de cerca de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB). No fim de setembro, o BC havia projetado queda de 5% da economia em 2020 em seu Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Mais cedo nesta manhã, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também falou de números melhores para a atividade, prevendo queda de 4% do PIB neste ano, ante perspectiva oficial do Ministério da Economia de -4,7%.

Campos Neto ressaltou que o país gastou bem mais no enfrentamento à crise do coronavírus que outros mercados emergentes, mas que a retomada também está sendo mais forte.

Por outro lado, ele corroborou em mais de um momento a necessidade de o Brasil fortalecer sua credibilidade fiscal para atrair investimentos e achatar a curva de juros, hoje inclinada pelas incertezas em relação à sustentabilidade das contas públicas.

Segundo Campos Neto, é impossível dizer se a Selic continuará no mesmo nível --2% ao ano--, mas frisou que é importante que haja credibilidade para que, qualquer que seja a decisão do BC, haja transmissão para as taxas longas de juros.

O spread entre as taxas de DI para janeiro 2025 e janeiro 2022 --tido como uma medida de percepção de risco-- estava em 319 pontos-base nesta segunda-feira, abaixo da máxima recente (de 355 pontos-base, alcançada no fim de setembro), mas muito acima de mínimas em torno de 250 pontos-base depois de fevereiro/março, quando a pandemia chacoalhou os mercados financeiros globais.

"Entendemos que o desvio (da trajetória fiscal na pandemia) era necessário, mas precisamos comunicar que vamos voltar à disciplina fiscal, esse é um ponto importante que temos hoje", disse Campos Neto.

"A incerteza fiscal está prejudicando um pouco os investimentos no Brasil", complementou ele, acrescentando que é necessário retomar o plano original de abertura de espaço para o investimento privado e resgate da credibilidade.

"No nosso caso, credibilidade será e está conectada a disciplina fiscal e continuidade das reformas. Estou confiante que vamos atingir isso", disse.

As falas de Campos Neto vêm após renovadas preocupações do mercado financeiro com a possibilidade de o estado de calamidade pública ser prorrogado para além de 2020, o que abriria espaço para que o auxílio emergencial continuasse a ser concedido em 2021 sem que fosse preciso obedecer à regra do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas públicas à inflação do ano anterior.

O presidente do BC afirmou que o país está num ponto de inflexão importante em que, se mais dinheiro for gasto e houver um programa mais longo de auxílio, o custo em credibilidade é "muito maior do que o benefício da despesa em si".

Campos Neto disse que, para induzir o crescimento, é melhor gastar menos do que mais, uma vez que o país já está sendo penalizado pelo mercado em meio às incertezas fiscais.

Ele também chamou a atenção para a necessidade de melhor comunicação com os investidores para que o país atraia recursos diante de seu forte portfólio, que compreende projetos em infraestrutura e saneamento básico.

"O que precisamos é de credibilidade para assegurar que esse dinheiro venha para o Brasil, porque é isso que vai equilibrar a taxa de câmbio, é isso que vai nos fazer crescer com dinheiro privado", afirmou.

© Reuters. .

Ainda sobre o câmbio, Campos Neto reconheceu que houve recentemente uma desvalorização maior do real frente ao dólar em relação a seus pares, movimento que atribuiu a diversos fatores, incluindo a baixa taxa de juros num ambiente com muita liquidez, que tende a fazer com que mais agentes façam operações de "hedge" (proteção) com a moeda.

Ele também citou a maior negociação de minicontratos por operadores domésticos, a questão do "overhedge" após mudanças regulatórias e a fragilidade fiscal do país.

O real cai 28,1% ante o dólar em 2020, em termos nominais, pior desempenho entre as principais divisas.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.