BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central piorou sua projeção para o Investimento Direto no País (IDP) para 2015, a 65 bilhões de dólares, 15 bilhões a menos do calculado até então e apesar do bom resultado visto no mês passado, mas ainda suficiente para fechar o rombo da conta corrente do país no ano.
Em agosto, os investimentos produtivos vindos de fora somaram 5,246 bilhões de dólares, bem acima da expectativa de 3,4 bilhões de dólares em pesquisa Reuters com economistas.
Com isso, o ingresso foi mais que suficiente para o cobrir o rombo nas transações correntes de 2,487 bilhões de dólares em agosto que, por sua vez, também veio melhor que os 3,25 bilhões de dólares projetados no levantamento da Reuters.
Para o ano, contudo, o BC vê o IDP despencar na comparação com 2014, quando somou 96,9 bilhões de dólares, em meio a um ambiente de fraqueza econômica e incertezas políticas quanto ao ajuste fiscal.
Por outro lado, essa mesma conjuntura tem levado à disparada do dólar frente ao real, fazendo o saldo negativo em conta corrente recuar, com gastos mais modestos de brasileiros no exterior, remessas de lucros e dividendos menores e desempenho mais favorável da balança comercial, que tem visto as importações caírem muito mais que as exportações.
Diante disso, BC passou a ver saldo positivo na balança comercial de 12 bilhões de dólares em 2015, contra apenas 3 bilhões de dólares anteriormente.
Na outra ponta, a estimativa para a remessa anual de lucros e dividendos sofreu nova queda, passando de 21 bilhões de dólares a 18 bilhões de dólares.
Reagindo a essas variáveis, o rombo nas contas externas deve ser de 65 bilhões de dólares no ano, abaixo do déficit de 81 bilhões de dólares estimado pela autoridade monetária em junho. Com isso, deve ser totalmente coberto pelo IDP.
De janeiro a agosto, a conta de transações correntes está negativa em 46,148 bilhões de dólares, inferior ao saldo negativo em 65,248 bilhões de dólares registrado em igual etapa de 2014.
(Por Marcela Ayres)