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BC volta a cortar Selic em 0,50 ponto, a 11,75%, e prevê cortes equivalentes nas próximas reuniões

Publicado 13.12.2023, 18:40
© Reuters. Moedas de R$1
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central decidiu nesta quarta-feira fazer um novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 11,75% ao ano, e afirmou que sua diretoria antevê cortes na mesma intensidade nas próximas reuniões.

Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) apresentou visão mais benigna sobre o ambiente externo do que a apontada na reunião anterior em novembro, também reforçando a trajetória de melhora do nível de preços no Brasil e dizendo pela primeira vez neste ano que os componentes menos voláteis da inflação estão se aproximando das metas.

"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", informou o comunicado.

O documento destacou que o ambiente externo mostra-se menos adverso, apesar de seguir volátil. Segundo o BC, essa percepção se deve a um arrefecimento dos juros de prazos mais longos nos Estados Unidos e de sinais incipientes de queda dos núcleos de inflação em diversos países.

"O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes", afirmou o BC, poucas horas depois de o banco central dos EUA ter mantido a taxa básica de juros do país inalterada, conforme o esperado, mas projetado cortes para 2024.

No comunicado, o BC deixou inalterado seu balanço de riscos, com equilíbrio entre fatores que podem pressionar a inflação para cima ou para baixo, mas amenizou a avaliação de que o cenário internacional é mais incerto que o usual, passando a afirmar que a conjuntura "segue incerta".

Economistas apontaram que o comunicado veio em linha com o esperado, mas apresentaram divergências sutis na interpretação.

Para a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, o documento trouxe um tom "um pouco mais suave", especialmente no que diz respeito ao cenário externo.

"Esperamos que o Copom continue cortando a taxa Selic de 50 em 50 pontos-base ao longo de parte do primeiro semestre de 2024 e entendemos que qualquer mudança no ritmo será antecipada pelo próprio comitê", disse.

O economista da ASA Investments Leonardo Costa, por sua vez, avaliou que o comunicado foi de neutro para modestamente hawk (duro), "haja vista a ausência de mudanças no corpo do texto". Ele afirmou que ainda aposta em uma redução de 0,75 ponto percentual na Selic na reunião de janeiro, ponderando que há um risco de manutenção do ritmo de 0,50 ponto.

Em meio ao esforço do governo para aprovar medidas que ampliem a arrecadação e alcançar o questionado alvo de déficit primário zero em 2024, o documento manteve o trecho que enfatiza a importância da execução das metas fiscais para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a política monetária.

Nos últimos dias, membros do governo reforçaram a pressão pública para que o BC corte a Selic, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmando que o Brasil cresceria mais se os juros estivessem mais baixos, enquanto seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o país tem “gordura para queimar” na política monetária.

MELHORA NA INFLAÇÃO

Em relação ao Brasil, o Copom avaliou que a inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, conforme esperado, "com destaque para as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes". A inflação subjacente se refere aos chamados núcleos da inflação, que excluem alguns preços mais voláteis.

Nesta quarta, o BC melhorou suas projeções para o comportamento dos preços em relação à reunião de novembro. A autoridade monetária informou que, em seu cenário de referência, a estimativa para a inflação caiu de 4,7% para 4,6% em 2023, de 3,6% para 3,5% em 2024 e foi mantida em 3,2% para 2025.

Esta foi a quarta redução consecutiva na taxa básica de juros depois que o BC iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 0,50 ponto na Selic em agosto, indicando que manteria esse ritmo de flexibilização nas reuniões à frente.

O corte de 0,50 ponto nos juros básicos na reunião deste mês foi decidido por unanimidade, assim como ocorreu em novembro e setembro. No encontro de agosto, a decisão foi dividida.

A decisão veio em linha com as expectativas de mercado, conforme pesquisa da Reuters que mostrou que todos os 41 economistas consultados esperavam uma redução de 0,50 ponto percentual na Selic.

O corte ocorre em meio a um arrefecimento da inflação doméstica, que ficou abaixo do teto da meta de 4,75% para este ano nos 12 meses encerrados em novembro, cenário que se associa a um ambiente com dados positivos de inflação nos Estados Unidos, que dá sinais de arrefecimento do mercado de trabalho e redução de fôlego da atividade.

© Reuters. Moedas de R$1
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos

Nesta quarta, o Federal Reserve, banco central dos EUA, sinalizou que o ciclo de aperto monetário na maior economia do mundo está no fim, o que pode criar condições mais favoráveis para um alívio da política monetária de países emergentes à frente.

A conjugação dos fatores domésticos e externos levaram parte dos economistas brasileiros a acreditar que o BC poderá eventualmente intensificar o ritmo de redução dos juros à frente.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse recentemente que a inflação no Brasil surpreendeu para baixo, o que abre espaço para o Banco Central baixar os juros e continuar perseguindo a convergência de preços para as metas, embora haja incertezas no ambiente.

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