Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu respondeu nesta quinta-feira a uma tentativa da corte suprema alemã de restringir seu poder de comprar títulos do governo, dizendo que está "mais determinado do que nunca" a tirar a zona do euro de sua pior crise econômica em quase um século.
A Corte Constitucional da Alemanha decidiu nesta semana que o BCE abusou de seu mandato com trilhões de euros em compras de títulos, e disse que o banco central alemão deve abandonar o esquema dentro de três meses, a menos que o BCE possa provar sua necessidade.
Mas a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que o BCE não se intimidou com a decisão e fará o que for necessário para atingir sua meta, que é trazer a inflação de volta à meta de pouco menos de 2%.
"Somos uma instituição independente, que responde ao Parlamento Europeu, direcionada por um mandato", disse Lagarde em um webinar da Bloomberg. "Continuaremos a fazer o que for necessário...para entregar esse mandato."
"Irredutíveis, continuaremos fazendo isso."
O BCE está a caminho de comprar cerca de 1,1 trilhão de euros em títulos este ano, elevando seu estoque para quase 4 trilhões na tentativa de ajudar governos, famílias e empresas que estão enfrentando a pandemia de coronavírus.
Falando mais cedo ao Parlamento Europeu, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse que o banco central está preparado para fazer ainda mais.
"Continuamos mais determinados do que nunca a garantir condições financeiras favoráveis em todos os setores e países para permitir que esse choque sem precedentes seja absorvido", disse de Guindos.
Ele rejeitou a alegação de que as decisões do BCE são desproporcionais, argumentando que uma avaliação de risco forma a base de todas as decisões e a proporcionalidade é estudada extensivamente.
Ele acrescentou que o banco central está sob a jurisdição da Corte de Justiça Europeia, que autorizou o Programa de Compra do Setor Público do BCE -- sob o qual o banco central comprou cerca de 2 trilhões de euros em títulos desde 2015.
(Reportagem de Francesco Canepa)