Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) deixou sua política monetária inalterada nesta quinta-feira, como esperado, mantendo o forte estímulo mesmo depois de ver razões para esperar uma firme recuperação na economia da zona do euro neste ano.
O BCE tem mantido os custos de empréstimos perto de mínimas recordes através de compras de títulos para fazer o bloco de 19 países superar a recessão que manteve escolas, lojas, restaurantes e hotéis fechados durante a maior parte do ano passado.
Mas a expectativa é de que o crescimento se recupere rapidamente a partir de meados deste ano, à medida que as infecções por Covid-19 forem controladas, o ritmo de vacinação acelerar e as restrições forem removidas, levantando dúvidas sobre quanta ajuda do BCE ainda é necessária.
"Há sinais claros de melhora", disse a presidente do banco central, Christine Lagarde, em coletiva de imprensa.
"O progresso nas campanhas de vacinação e um relaxamento gradual previsto das medidas de contenção (da Covid-19) sustentam expectativas de uma recuperação firme da atividade econômica ao longo de 2021."
Ela enfatizou que a situação geral ainda está "nublada pela incerteza", devido a fatores que incluem possível disseminação de novas variantes do vírus, riscos para as condições de financiamento e pressões contínuas sobre setores em dificuldades da economia.
A decisão desta quinta-feira abre espaço para uma batalha no encontro de 10 de junho, quando as autoridades terão que decidir se reduzem as compras de títulos, mesmo que isso signifique permitir que os custos de empréstimo aumentem.
Em março, as autoridades concordaram em intensificar as compras neste trimestre. Elas revisitarão essa decisão em junho, com algumas já pedindo redução no terceiro trimestre.
"O Conselho espera que as compras sob o PEPP no trimestre atual continuem a ser conduzidas a um ritmo significativamente mais alto do que durante os primeiros meses do ano", disse o BCE, repetindo sua orientação de março.
PEPP é a sigla em inglês para programa de compras emergenciais da pandemia.
Lagarde foi questionada repetidamente na coletiva de imprensa sobre se poderia detalhar o cronograma e as discussões sobre qualquer aperto futuro, mas enfatizou que qualquer decisão seria "dependente de dados".
"Na ocasião deste (encontro do) Conselho de Governança, não discutimos qualquer eliminação gradual do PEPP porque seria prematuro", disse ela.
No ritmo atual, o BCE deve exaurir sua cota de compras antes do fim programado do PEPP, em março próximo. A decisão de junho, portanto, dará um sinal crucial sobre se o programa, no valor de 1,85 trilhão de euros, pode ser reduzido no início do próximo ano.
Klaas Knot, que preside o BC holandês e um dos membros mais conservadores do Conselho, já disse que pode ser possível começar a desacelerar as compras emergenciais de títulos a partir de junho. Outras autoridades, porém, têm rejeitado essa ideia, dizendo que falar em desaceleração seria precipitado, dada a mortal terceira onda da pandemia.
Com a política monetária inalterada nesta quinta-feira, a taxa de depósito do BCE permanece em -0,5% e sua taxa de juros principal, em 0%.