Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - O banco central do Japão reduziu nesta sexta-feira o financiamento emergencial adotado na pandemia, mas manteve uma política monetária ultraflexível e estendeu o alívio financeiro para pequenas empresas, cimentando expectativas de que permanecerá entre os bancos centrais mais estimulativos no futuro previsível.
O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Haruhiko Kuroda, disse que os custos dos empréstimos permanecerão baixos no país, mesmo com outros bancos centrais aumentando as taxas de juros, e enfatizou que a reversão do financiamento de emergência não foi de forma alguma um prelúdio para uma retirada total do estímulo monetário.
A decisão do BoJ, sustentada por um otimismo cauteloso de que o dano econômico causado pela crise do coronavírus está gradualmente se curando, veio horas depois se o Reino Unido se tornar a primeira economia do G7 a aumentar as taxas de juros desde o início da pandemia.
Os bancos centrais dos Estados Unidos (Federal Reserve) e da zona do euro (Banco Central Europeu) também avançaram no sentido de reverter estímulos da era da crise, embora em vários graus, refletindo suas visões divergentes --bem como a incerteza-- sobre o aumento da inflação global.
Os temores sobre a recente e rápida disseminação da variante Ômicron do coronavírus também complicaram o desafio para os formuladores de política monetária, cujos planos para a política monetária num cenário de renascimento econômico pós-pandêmico foram perturbados.
Em uma decisão amplamente esperada, o BoJ manteve nesta sexta-feira sua meta para a taxa de juros de curto prazo em -0,1% e para os rendimentos dos títulos de dez anos em torno de zero.
O BoJ também estendeu por seis meses o prazo final de março de 2022 para seu esquema de empréstimo para alívio da pandemia, com ajustes nas condições, para garantir que os bancos comerciais continuem canalizando fundos para pequenas empresas.
Mas o BC decidiu desacelerar as compras de títulos corporativos e "commercial papers" para níveis pré-pandêmicos a partir de abril, em um aceno para melhorias acentuadas nas condições financeiras das grandes empresas.
Kuroda disse que levará cerca de cinco anos para que as dívidas corporativas do BOJ voltem aos níveis anteriores à pandemia.