BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil abriu 83.297 vagas formais de trabalho em janeiro, no pior resultado para o mês da série histórica do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), iniciada em janeiro de 2020, mostraram dados do Ministério do Trabalho e Emprego nesta quinta-feira.
Conforme o Caged, o saldo de novas vagas em janeiro foi resultado de 1.874.226 admissões e de 1.790.929 desligamentos.
O saldo foi melhor que o de dezembro, quando haviam sido fechadas 440.669 vagas formais de trabalho, segundo número atualizado, mas veio bem abaixo do resultado de janeiro de 2022, de criação de 167.269 vagas formais (número atualizado), corroborando algumas avaliações de que o mercado de trabalho está em desaceleração.
Os dados mostram ainda que o salário médio real (descontada a inflação) de admissão de trabalhadores no Brasil foi de 2.012,78 reais em janeiro. Já o salário médio de desligamento foi de 2.034,98 reais.
Na ata de seu último encontro de política monetária, realizado no início de fevereiro, o Banco Central já havia alertado para o enfraquecimento do mercado de trabalho.
"O mercado de trabalho, que surpreendeu positivamente ao longo de 2022, continua mostrando sinais de desaceleração, com queda nas admissões líquidas do Novo Caged e relativa estabilidade na taxa de desemprego, proveniente de recuos na população ocupada e na força de trabalho", pontuou o BC na ocasião.
No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos diagnósticos é de que a Selic (taxa básica de juros), mantida pelo BC em patamares mais elevados para segurar a inflação, tem prejudicado a atividade econômica, o que se reflete nas admissões e demissões de trabalhadores.
Atualmente em 13,75% ao ano, a Selic está acima de dois dígitos desde fevereiro de 2022.
Durante coletiva de imprensa sobre os números, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, evitou tratar diretamente dos impactos da Selic sobre o mercado de trabalho. Ele pontuou que, em 2021 e 2022, os dados tiveram um impacto positivo de mais contratações no setor de saúde, o que não ocorreu neste início de 2023, superada a fase mais intensa da pandemia.
Além disso, Marinho lembrou que o novo governo assumiu em janeiro.
"É preciso lembrar que assumimos em janeiro um país devastado pelo governo Bolsonaro", disse. "Tinha gente que tinha medo de que janeiro seria negativo (na geração de vagas). Muita gente do governo respirou aliviado (com o saldo positivo). O número está, de nossa parte, correspondendo ao momento em que estamos reconstruindo."
Marinho informou ainda que a intenção do governo é apresentar uma nova política de valorização do salário mínimo antes de maio. Segundo ele, o conceito a ser desenvolvido levará em conta a inflação e o crescimento da economia.
(Por Fabrício de Castro)