RIO DE JANEIRO/ SÃO PAULO (Reuters) - Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte
A economia brasileira aprofundou a crise e encolheu mais do que o esperado no último trimestre de 2016, com forte retração dos investimentos, marcando a recessão mais longa do Brasil ao fechar o ano com queda de 3,6 por cento.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 0,9 por cento no quarto trimestre sobre os três meses anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, oitavo trimestre seguido de perdas. No terceiro trimestre, com a mesma base de comparação, a queda havia sido de 0,7 por cento.
Sobre o quarto trimestre de 2015, o PIB despencou 2,5 por cento. Em 2015, a economia havia caído 3,8 por cento.
Pesquisa da Reuters apontava que o Brasil teria queda de 0,6 por cento entre outubro e dezembro na comparação com o trimestre anterior e de 3,5 por cento em 2016 fechado.
Segundo o IBGE, de longe a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, foi a que mais sofreu. Em 2016, marcou contração de 10,2 por cento e, no último trimestre, queda de 1,6 por cento sobre o período anterior. O consumo das famílias também foi bastante afetado, em meio ao desemprego cada vez maior, com contrações de 4,2 e 0,6 por cento, respectivamente.
A indústria também encolheu no ano passado (-3,8 por cento) e no trimestre passado (-0,7 por cento), o mesmo comportamento do setor de serviços. (-2,7 por cento e -0,8 por cento, respectivamente).
O setor agropecuário teve expansão de 1 por cento na comparação trimestral, segundo o IBGE, mas fechou o ano passado com forte retração de 6,6 por cento.
Apesar dos dados ruins, alguns indicadores econômicos têm mostrado que a atividade já começou a dar sinais de recuperação, ainda que de maneira tímida. Entre eles, estão a melhora da confiança dos agentes econômicos.
A perda de força da inflação também vai ajudar neste cenário, uma vez que o Banco Central já iniciou processo de redução dos juros básicos, em outubro passado, o que tende a baratear o crédito e estimular o consumo.
De lá para cá, o BC cortou a Selic a 12,25 por cento, ante 14,25 por cento, e as expectativas gerais são de que vai continuar nessa toada e levá-la ao patamar de 9 por cento ainda neste ano, o menor desde 2013.
A economia sentiu sobretudo o baque do desarranjo das contas públicas, o que levou a atual equipe econômica a adotar medidas ortodoxas, como limitar o crescimento do gasto público pelos próximos 20 anos.