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Brasil perde 1,5 milhão de empregos em 2015, pior resultado em 24 anos

Publicado 21.01.2016, 15:26
© Reuters. Fila de pessoas desempregadas em busca de trabalho em São Paulo
BARC
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Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil perdeu 1,5 milhão de empregos formais em 2015, pior marca em mais de duas décadas, que espalhou-se por praticamente todos os setores, e o governo conta com a retomada do crédito para dar algum impulso ao mercado de trabalho neste ano, que deve registrar nova forte retração econômica.

A retração líquida no número de vagas foi puxada, principalmente, pelo fechamento de postos na indústria de transformação (-608.878), seguida pela diminuição sofrida na construção civil (-416.959), serviços (-276.054) e comércio (-218.650). Houve expansão apenas na agropecuária (+9.821), segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta quinta-feira.

A economia enfrentou forte recessão em 2015, abrindo espaço para a perda líquida de 1,542 milhão de vagas formais de trabalho, pior resultado anual da série iniciada em 1992. Apenas em dezembro, foram fechados 596.208 postos, ante expectativa de fechamento de 655 mil vagas, segundo pesquisa da Reuters.

"O ritmo de eliminação de empregos no segundo semestre de 2015, se mantido ao longo do próximo semestre, sugere que podemos chegar a dois milhões de postos de trabalho fechados em 2016", disse o economista do Barclays (L:BARC) Bruno Rovai. 

"Ele também suporta a nossa visão de que a deterioração do mercado de trabalho continua a todo vapor, afetando o balanço de riscos do Banco Central, como destaca a decisão de ontem de manter as taxas de juros inalteradas", completou.

Em entrevista coletiva para comentar os resultados do Caged, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, reconheceu que 2015 foi de fato um "ano difícil" e que os "números não são bons em relação a emprego".

Mas tentando descortinar um horizonte mais positivo, ele citou fatores que podem reverter a trajetória de declínio da atividade econômica, e, com isso, dar impulso ao mercado de trabalho. Segundo ele, o governo tem como "prioridade absoluta" no próximo ano focar a preservação e geração de emprego no país.

"Expectativa de redução da inflação, investimentos a partir das concessões, todas essas iniciativas e retomada de crédito, que vem sendo pautada e trabalhada pelo ministro Nelson (Barbosa, da Fazenda) e pela equipe econômica, todos esses movimentos vão no sentido de alterar esse quadro e retomar a nossa atividade econômica. É isso que nos dá confiança para 16", disse Rossetto.

Segundo o ministro, o governo trabalha para direcionamento de crédito especialmente para o capital de giro de pequenas e médias empresas, para desafogá-las. Ele também citou uma demanda forte em áreas como a construção civil e chamou a atenção para o aumento das exportações, diretamente beneficiadas pela alta do dólar em relação ao real.

"Ampliar os investimentos em áreas como construção civil tem resposta imediata e é isso que estamos fazendo. Portanto, achamos sim que há um espaço forte de expansão do crédito com expansão da demanda e geração de trabalho e emprego", afirmou.

No ano passado, o ambiente de inflação alta e juros elevados foi também contaminado por intensa crise política e indefinições no fronte fiscal, que injetaram volatilidade no mercado e afetaram a confiança de empresários e famílias.

Para este ano, economistas seguem vendo novo tombo no Produto Interno Bruto (PIB), avaliando também que o ajuste das contas públicas deverá perder força diante dos sinais que o governo vem dando em relação à concessão de crédito.

© Reuters. Fila de pessoas desempregadas em busca de trabalho em São Paulo

Na véspera, o Banco Central optou por manter estável a taxa básica de juros em 14,25 por cento ao ano, em meio a pressões para que não mexesse na Selic, investida que suscitou críticas de interferência política, após o BC ter sinalizado que faria o que fosse preciso para combater a alta de preços domésticos. [nL2N1542NY]

Comentando a decisão nesta quinta, Rossetto disse que o crescimento econômico é o objetivo essencial do governo.

"O Banco Central trabalha na sua autonomia, mas é uma sinalização de estabilidade dentro de um esforço nacional de recuperação da atividade econômica. O crescimento econômico é a meta fundamental e, portanto, esta posição de estabilidade sinaliza uma possibilidade positiva de respondermos à prioridade de crescimento econômico neste ano no país".

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