Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil teve déficit em transações correntes de 2,164 bilhões de dólares em novembro, menor rombo para o mês em três anos, divulgou o Banco Central nesta sexta-feira, também revisando os números acumulados no ano após o governo ter admitido erro na apuração da balança comercial nos últimos meses.
O dado veio melhor que a expectativa de déficit de 3,6 bilhões de dólares, conforme pesquisa da Reuters com analistas, e representou o menor déficit para novembro desde 2016, quando este foi de 341,8 milhões de dólares.
O buraco na conta corrente também seguiu inteiramente coberto pelos investimentos diretos no país (IDP), que somaram 6,985 bilhões de dólares em novembro. Eles vieram, contudo, abaixo da projeção de analistas de 7,5 bilhões de dólares.
O resultado das transações correntes foi ajudado pelas menores despesas líquidas de serviços e de renda primária, já que a balança comercial teve piora frente ao dado registrado em igual mês do ano passado.
O superávit comercial foi de 2,777 bilhões de dólares, queda de 22,4% sobre novembro do ano passado.
Enquanto isso, o déficit na conta de serviços diminuiu a 2,065 bilhões de dólares, contra 2,883 bilhões de dólares um ano antes e o rombo em renda primária caiu 25,4% -- ou quase 1 bilhão de dólares -- a 2,916 bilhões de dólares.
Neste caso, o fator determinante foi o recuo na remessa de lucros e dividendos para fora, de 2,760 bilhões de dólares em novembro de 2018 para 1,827 bilhão de dólares no mesmo mês deste ano.
Nos 12 meses fechados em novembro, o déficit em transações correntes somou 51,163 bilhões de dólares, ou 2,78% do Produto Interno Bruto (PIB), numa queda frente ao patamar de 2,83% do PIB registrado no acumulado até outubro, nível que foi revisado pelo BC.
Para o ano, o BC previu na véspera um déficit na conta corrente de exatamente 51,1 bilhões de dólares, sobre os 36,3 bilhões de dólares estimados em setembro.
A piora veio na esteira de um resultado mais fraco para a balança comercial, além de maiores remessas de lucros e dividendos.
"A revisão da projeção do saldo da balança comercial para 2019 incorporou os impactos da desaceleração da economia Argentina, da peste suína que afeta principalmente a China, bem como a evolução recente do câmbio e do comércio mundial, além das revisões nos dados de setembro, outubro e novembro provenientes da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia", disse o BC.
No início de dezembro, o governo anunciou uma correção para cima no registro das exportações de setembro a novembro, atribuindo a uma falha humana uma subnotificação de 6,488 bilhões de dólares que ajudou a piorar o resultado da balança comercial brasileira divulgado originalmente.
Com isso, o déficit nas transações correntes que havia sido inicialmente divulgado pelo BC em 7,874 bilhões de dólares para outubro, por exemplo, passou agora a 6,509 bilhões de dólares.
Em nota, o BC frisou que passou a computar, nesta divulgação, aumentos de 1,4 bilhão de dólares aos valores inicialmente divulgados para as exportações do mês de setembro e de 1,3 bilhão de dólares em outubro.