Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil tinha 14 milhões de desempregados no trimestre encerrado em novembro, mas o mercado de trabalho continuou indicando alguma recuperação das vagas perdidas no início da pandemia com aumento na população ocupada.
A taxa de desemprego no país alcançou entre setembro e novembro 14,1%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
É a taxa mais alta para o período desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012, e ainda ficou pouco acima da expectativa em pesquisa da Reuters de 14,0%.
Mas o resultado ficou abaixo dos 14,4% vistos no trimestre anterior, de junho a agosto, e mostrou também arrefecimento sobre a taxa de 14,3% nos três meses encerrados em outubro.
O mercado de trabalho costuma ser o último a se recuperar em tempos de crise, e o desemprego permanece em níveis altos no Brasil, mesmo após o relaxamento das medidas de contenção ao coronavírus.
As incertezas agora giram em torno das consequências do fim da ajuda do governo às empresas e famílias.
Entre setembro e novembro o Brasil tinha 14,023 milhões de desempregados, o que representa um aumento de 1,7% sobre os três meses anteriores e de 18,2% na comparação com o mesmo período de 2019.
Porém, o total de pessoas ocupadas registrou no período alta de 4,8% sobre o trimestre imediatamente anterior, somando 85,578 milhões, embora tenha havido queda de 9,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Segundo analista da pesquisa, Adriana Beringuy, o aumento da ocupação deve-se ao retorno das pessoas ao mercado de trabalho após a flexibilização das medidas de combate da pandemia, bem como à sazonalidade de fim de ano, especialmente no comércio.
“O crescimento da população ocupada é o maior de toda a série histórica. Essa expansão está ligada à volta das pessoas ao mercado que estavam fora por causa do isolamento social e ao aumento do processo de contratação do próprio período do ano, quando há uma tendência natural de crescimento da ocupação”, disse ela.
O aumento na ocupação foi registrado em nove dos dez grupos de atividades observados na pesquisa, com maior intensidade no comércio, que viu um aumento de 854 mil pessoas no trimestre encerrado em novembro sobre o período anterior.
“O comércio nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas na ocupação, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira no setor privado que, após vários meses de queda, mostra uma reação”, explicou Beringuy.
Os empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada eram 29,963 milhões nos três meses até novembro, e 29,067 milhões no período imediatamente anterior.
Aqueles que não tinham carteira assinada chegaram a 9,735 milhões, de 8,755 milhões antes, segundo a Pnad Contínua, o que indica que a maior parte do crescimento da ocupação veio novamente do mercado informal.
“Embora haja esse crescimento na ocupação nesse trimestre, quando a gente confronta a realidade de novembro de 2020 com o mercado de trabalho de novembro de 2019, as perdas na ocupação ainda são muito significativas”, alertou Beringuy.
"A gente ainda está bem distante de um cenário pré-pandemia”, completou.