Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A taxa de desemprego caiu a 8,9% nos três meses até agosto em meio a um contingente recorde de pessoas ocupadas, chegando ao nível mais baixo em sete anos, ao mesmo tempo que a renda real dos trabalhadores voltou a crescer.
O resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada nesta sexta-feira foi o melhor desde a taxa de 8,7% vista no trimestre até julho de 2015 e ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que a taxa de desemprego estava em 9,8% nos três meses imediatamente anteriores, até maio. No trimestre até agosto de 2021 ela era de 13,1%.
A retomada da economia após a Covid-19 vem permitindo que a taxa de desemprego brasileira se afaste cada vez mais do nível próximo de 15% que alcançou no segundo semestre de 2020 devido às medidas de contenção da pandemia.
Embora o mercado de trabalho brasileiro ainda seja fortemente marcado pela informalidade, os dados endossam avaliação de que ele continua a melhorar, depois de na véspera o governo informar abertura de vagas formais de trabalho acima do esperado em agosto.
“O mercado de trabalho segue a tendência demonstrada no mês passado, continuando o fluxo que ocorre ao longo do ano, de recuperação”, afirmou a coordenadora da pesquisa no IBGE, Adriana Beringuy.
"Há uma consolidação desse movimento. E agora tivemos um avanço do rendimento graças à redução da inflação", completou.
Nos três meses até agosto, eram 9,694 milhões os desempregados no Brasil, menor nível desde novembro de 2015, o que representa uma queda de 8,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior e recuo de 30,1% na comparação com o mesmo período de 2021.
Já o total de ocupados chegou a 99,013 milhões, alta de 1,5% sobre o trimestre até maio e de 7,9% ante os três meses até agosto do ano passado.
O nível de ocupação, ou o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, chegou a 57,1%, mostrando aumento em comparação com o trimestre anterior (de 56,4%) e acima do mesmo período do ano passado (de 53,4%)
INFORMALIDADE
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado aumentaram 1,1% na comparação trimestral. Mas os que não tinham carteira subiram 2,8% e chegaram a 13,16 milhões, marcando o maior contingente da série histórica iniciada em 2012 e mostrando que o mercado de trabalho ainda é fortemente marcado pela informalidade.
"É um mercado que se recupera desde 2020 baseado no trabalho informal. A reação do emprego com carteira não significa que a informalidade parou de crescer", explicou Beringuy.
Segundo os dados do IBGE, três atividades influenciaram a queda do desemprego, com a ocupação aumentando 3% no setor de “Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas” sobre o trimestre anterior.
“Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais” cresceu 2,9%, enquanto o grupo “Outros serviços” apresentou alta de 4,1%.
No período, a renda média do trabalho atingiu 2.713 reais, de 2.632 reais nos três meses até maio, mas abaixo dos 2.730 reais vistos no ano passado.
“Esse crescimento está associado, principalmente, à retração da inflação. Mas a expansão da ocupação com carteira assinada e de empregadores também são fatores que colaboram”, diz Beringuy.