Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil teve superávit comercial de 3,096 bilhões de dólares em fevereiro, acima do esperado, com a venda de óleos brutos de petróleo, combustíveis de petróleo e minérios de cobre impulsionando as exportações no período.
O dado, divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Economia, ficou próximo do saldo positivo de 3,116 bilhões de dólares registrado no mesmo mês do ano passado e compensou parcialmente o fraco desempenho de janeiro, quando o país teve o primeiro déficit comercial para o mês em cinco anos.
O superávit da balança comercial também veio melhor que projeção de 1,5 bilhão de dólares feita por economistas, segundo pesquisa Reuters com analistas.
Em fevereiro, as exportações subiram 15,5% na comparação com igual período do ano passado, pela média diária, a 16,355 bilhões de dólares. Já as importações gerais tiveram um aumento de 16,7% na mesma base de comparação, a 13,259 bilhões de dólares.
Os dados da balança comercial vieram positivos em fevereiro apesar dos temores de desaceleração do crescimento global por conta da disseminação do coronavírus, com efeitos marcantes sobre a China, que é a maior parceira comercial brasileira.
Em fevereiro, contudo, as exportações brasileiras para a China, Hong Kong e Macau saltaram 20,9% e, no bimestre, 5,5%.
De acordo com o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, o aumento das vendas em fevereiro para a China reflete normalização de represamento ocorrido em janeiro, devido ao feriado do ano novo chinês.
Em coletiva de imprensa, Brandão afirmou que exportadores de carne relataram que tiveram um baixo movimento no começo do mês por não conseguirem desembarcar suas mercadorias por falta de contêiner e mão de obra nos portos da China, mas que isso teria sido algo pontual.
Em contrapartida, exportadores de soja, por exemplo, não reportaram nenhuma mudança ao ministério até agora.
"O efeito (do coronavírus) provavelmente é gradual e é heterogêneo entre os setores, então se dá em maior ou menor grau", disse Brandão.
"Pode ser que tenha algum efeito em março ainda, mas não foi perceptível nos agregados da balança de fevereiro. Pelo contrário. A gente vê um crescimento das exportações, um crescimento do comércio", completou ele.
Brandão reconheceu que, como os contratos do comércio exterior são usualmente firmados com antecedência, o impacto do coronavírus nos negócios ainda poderá sensibilizar a balança à frente. Os contratos de minério de ferro, por exemplo, são geralmente de três meses. Em relação à soja, mais de metade da safra brasileira já está vendida.
VENDA DE PETRÓLEO EM ALTA
De acordo com o Ministério da Economia, o destaque na ponta das exportações em fevereiro coube às vendas totais de óleos brutos de petróleo, que ficaram 703 milhões de dólares maiores que no mesmo mês de 2019, enquanto para óleos combustíveis de petróleo o acréscimo foi de 299 milhões de dólares.
Refletindo o ambiente de cautela global, os preços do petróleo caíram 7,3% sobre fevereiro do ano anterior. O aumento nas vendas, portanto, foi assentado exclusivamente sobre a elevação do volume transacionado, o que de acordo com Brandão deriva do crescimento da produção brasileira, com o excedente sendo direcionado ao mercado externo.
As exportações de minérios de cobre, por sua vez, tiveram um incremento de 626 milhões de dólares ante fevereiro do ano passado.
No caso das importações, houve aumento em todas as categorias, com destaque para bens de capital, que cresceram 102,2% sobre um ano antes. As compras de combustíveis e lubrificantes aumentaram 32,2%, as de bens intermediários, 3,2%, e de bens de consumo, 2,2%.
No primeiro bimestre, o superávit da balança comercial foi de 1,361 bilhão de reais, queda de 69,8% sobre igual etapa do ano passado, com retração de 4,2% na ponta das exportações, pela média diária, enquanto as importações subiram 6,5%.
O Ministério da Economia ainda não divulgou suas projeções para 2020, mas já indicou que a perspectiva para o saldo das trocas comerciais é de piora em relação ao superávit de 48,036 bilhões de dólares de 2019.
O Banco Central prevê um superávit de 32 bilhões de dólares em 2020, estimativa que foi feita em dezembro e que ainda não considera fatores que podem afetar negativamente as exportações brasileiras, pressionando ainda mais o resultado da balança comercial.
Economistas esperam um superávit de 36,70 bilhões de dólares para o ano, segundo a última pesquisa Focus.
(edição de Isabel Versiani)