BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 4,861 bilhões de dólares em abril, melhor resultado para o mês na série histórica iniciada em 1989, diante da forte queda nas importações em meio à recessão econômica e ao dólar mais valorizado frente ao real.
O desempenho veio um pouco acima da estimativa de saldo positivo de 4,7 bilhões de dólares apontada em pesquisa Reuters com especialistas. Em abril do ano passado, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nesta segunda-feira, o saldo havia ficado positivo em 490 milhões de dólares.
No mês passado, as importações somaram 10,513 bilhões de dólares, queda de 28,3 por cento sobre um ano antes pela média diária. As exportações ficaram em 15,374 bilhões de dólares, alta de 1,4 por cento no período.
Com isso, no acumulado do ano, o superávit da balança comercial somou 13,249 bilhões de dólares, também recorde para a série. A performance, considerada um dos únicos positivos da economia brasileira em meio à profunda recessão, vem sendo crucial para diminuir o déficit em transações correntes do país. Isso porque, com o ajuste, cai a necessidade de financiamento externo para o balanço de pagamentos. Para o ano, a última expectativa divulgada pelo ministério era de balança positiva em 35 bilhões de dólares. Economistas de instituições financeiras já projetam saldo de 48 bilhões de dólares, conforme pesquisa Focus do Banco Central mais recente.
O desempenho vem da forte contração econômica pela qual passa o país, reduzindo a necessidade de bens importados, e do dólar mais forte frente ao real, que aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. ABRIL No último mês, as exportações foram beneficiadas pelo crescimento nas exportações de semimanufaturados (+6,9 por cento) e de básicos (+2,5 por cento), enquanto as exportações de manufaturados tiveram declínio de 1,3 por cento sobre abril do ano passado.
Um dos maiores destaques foi da soja em grão, com exportações em alta anual de 39,4 por cento, a 3,5 bilhões de dólares. Por outro lado, as importações continuaram exibindo queda generalizada. Em combustíveis e lubrificantes, o recuo foi de 38,1 por cento, e em bens de capital, de 36,8 por cento. Bens de consumo e bens intermediários, por sua vez, caíram 27,5 e 24,4 por cento, respectivamente.
(Por Marcela Ayres)