BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 4,861 bilhões de dólares em abril, recorde para o mês, e o governo melhorou a expectativa para 2016, a até 50 bilhões de dólares, diante da forte queda nas importações em meio à recessão econômica e ao dólar mais valorizado frente ao real.
Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, o país deve encerrar o ano com um saldo positivo de 45 bilhões de dólares a 50 bilhões de dólares na balança, com grande chance de cravar seu melhor desempenho histórico, superando o superávit de 46 bilhões de dólares de 2006. A estimativa anterior era de saldo positivo de 35 bilhões de dólares este ano.
Em coletiva de imprensa em que fez uma espécie de retrospectiva das últimas ações da pasta, Monteiro também afirmou que o governo poderá anunciar novas medidas de incentivo até sexta-feira.
"Seguramente vai na direção de algo que seja importante para o setor industrial e para o setor produtivo do país", limitou-se a responder o ministro, quando questionado sobre mais detalhes.
Com a votação no Senado da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff se tornando mais próxima, o governo anunciou no domingo reajustes no Bolsa Família e na tabela de tributação do Imposto de Renda sobre Pessoa Física.
Durante a coletiva, Monteiro também chamou a atenção para a troca de ofertas entre União Europeia e Mercosul, marcada para 11 de maio, em direção a um acordo de livre comércio.
BALANÇA MENSAL
Em abril, a balança teve o melhor resultado para o mês na série iniciada em 1989. O desempenho veio um pouco acima da estimativa de saldo positivo de 4,7 bilhões de dólares apontada em pesquisa Reuters com especialistas. No mesmo mês do ano passado, informou o MDIC nesta segunda-feira, o saldo havia ficado positivo em 490 milhões de dólares.
No mês passado, as importações somaram 10,513 bilhões de dólares, queda de 28,3 por cento sobre um ano antes pela média diária. As exportações ficaram em 15,374 bilhões de dólares, alta de 1,4 por cento no período.
Com isso, no acumulado do ano, o superávit da balança comercial somou 13,249 bilhões de dólares, também recorde para a série. O desempenho, considerado um dos únicos positivos da economia brasileira em meio à profunda recessão, vem sendo crucial para diminuir o déficit em transações correntes do país. Isso porque, com o ajuste, cai a necessidade de financiamento externo para o balanço de pagamentos.
O superávit decorre da forte contração econômica pela qual passa o país, reduzindo a necessidade de bens importados, e do dólar mais forte frente ao real, que aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. No último mês, as exportações foram beneficiadas pelo crescimento nas exportações de semimanufaturados (+6,9 por cento) e de básicos (+2,5 por cento), enquanto as exportações de manufaturados tiveram declínio de 1,3 por cento sobre abril do ano passado.
Um dos maiores destaques foi da soja em grão, com exportações em alta anual de 39,4 por cento, a 3,5 bilhões de dólares. Por outro lado, as importações continuaram exibindo queda generalizada. Em combustíveis e lubrificantes, o recuo foi de 38,1 por cento, e em bens de capital, de 36,8 por cento. Bens de consumo e bens intermediários, por sua vez, caíram 27,5 e 24,4 por cento, respectivamente.
(Por Marcela Ayres)