Rio de Janeiro, 27 fev (EFE).- O setor público brasileiro registrou em janeiro um superávit fiscal primário de R$ 21,063 bilhões, o maior saldo nos últimos 14 meses, que coincidiu com as primeiras medidas de ajuste adotadas pelo governo, informou nesta sexta-feira o Banco Central (BC).
O saldo positivo na diferença entre a receita e as despesas do setor púbico em janeiro foi 5,73% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado (R$ 19,921 bilhões no câmbio atual), segundo os números divulgados pelo organismo emissor.
O Brasil não tinha um superávit primário mensal tão elevado desde novembro de 2013, quando as receitas superaram as despesas em R$ 29,7 bilhões.
O bom desempenho fiscal em janeiro foi registrado depois que o Estado acumulou em 2014 um déficit primário recorde de R$ 32,536 bilhões, o primeiro saldo negativo nos últimos 13 anos.
O resultado primário nas contas públicas é a diferença entre a receita e as despesas do governo central, das administrações regionais e das empresas sem levar em conta os recursos destinados ao pagamento de juros de dívida.
Este indicador é a referência utilizada no Brasil para medir a saúde das contas públicas, já que indica a possível economia que o governo tem para pagar seus compromissos de dívida.
O superávit de janeiro refletiu as primeiras medidas adotadas pelo governo para sanear suas finanças.
O elevado déficit de 2014 obrigou a presidente brasileira, Dilma Rousseff, a se comprometer com um forte ajuste ao assumir seu segundo mandato, no dia 1º de janeiro passado, após ter sido reeleita em outubro.
Após terminar o ano passado com um déficit equivalente a 0,63% do Produto Interno Bruto (PIB), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, propôs como meta atingir em 2015 um superávit primário equivalente a 1,2% do PIB, que pretende elevar para 2% do PIB em 2016 e 2017.
Para isso, o governo começou a anunciar desde dezembro passado medidas para ajustar suas contas, entre as quais restrições a alguns benefícios outorgados aos trabalhadores, como o seguro desemprego e as pensões.
Igualmente foram anunciados aumentos de impostos, entre os quais os que incidem sobre os combustíveis, aumentos nos juros cobrados sobre empréstimos de bancos públicos e reduções das despesas dos ministérios.
O superávit primário de janeiro superou os cerca de R$ 18 bilhões destinados ao pagamento de juros de dívida no mês passado, com que o Brasil iniciou o ano com um superávit nominal de R$ 3,041 bilhões.
O BC informou igualmente que a dívida líquida do setor público brasileiro subiu do equivalente a 36,7% do PIB em dezembro de 2014 para 38,6% do PIB em janeiro deste ano.