BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta sexta-feira a elevação mais recente nos prêmios de risco das LFTs --títulos pós-fixados atrelados à Selic--, embora não ao patamar atingido no fim de setembro.
Em apresentação exibida no FGV CEO Club, ele voltou a apontar o risco fiscal associado ao país ao falar do comportamento da curva de juros.
O presidente do BC mostrou um gráfico que aponta a franca elevação dos prêmios de risco das LFTs no mês de setembro, atingindo um pico ao fim daquele mês. Dali em diante houve uma queda em outubro, mas os prêmios voltaram a subir no mesmo mês, ainda que não na mesma magnitude.
Campos Neto reiterou na apresentação a mensagem de política monetária de que as condições para a orientação futura (forward guidance) seguem satisfeitas, dando respaldo à postura de não elevação dos juros básicos.
Nesse sentido, ele voltou a citar que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação do cenário básico do BC, encontram-se significativamente abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária. Além disso, o regime fiscal não foi alterado e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas.
Atualmente, a Selic está na mínima histórica de 2% ao ano e as mensagens do BC têm sedimentado apostas de que ela entrará 2021 neste nível. A próxima e última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano acontecerá nos dias 8 e 9 de dezembro.
Na apresentação, Campos Neto também apontou que deverá haver mudança nas cadeias globais de valor no mundo pós-coronavírus, com tendências de estruturação interna, regionalização, replicação e diversificação.
"Há desafios mas também oportunidades, sobretudo para indústrias regionais e serviços digitais", indicou.
(Por Marcela Ayres)