O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira, 4, que, embora cada gestor imprima o seu ritmo, a agenda de inovação da autarquia tende a continuar com Gabriel Galípolo, que assume em janeiro a presidência da instituição.
Ao definir a inovação financeira como uma corrida com bastão, como aprendeu com seu antecessor, Ilan Goldfajn, Campos Neto disse que o presidente do BC entrega, ao término do mandato, o bastão e torce para que o seu sucessor corra ainda mais. "Mas grande parte dessa corrida é feita pelo próprio Banco Central, que tem o DNA de inovação", declarou durante a apresentação do Pix por aproximação na sede do Google (NASDAQ:GOOGL) em São Paulo. "É natural cada gestor imprimir o seu ritmo, mas o BC tem a agenda de inovação há algum tempo", assinalou.
Campos Neto disse ter certeza de que Galípolo contribuirá com suas ideias, e que o "encontro final" do Drex, Pix e Open Finance não será interrompido.
Ele ressaltou também que sempre fez força para diminuir a hierarquia nos processos de inovação, de forma que os servidores pudessem ter "mais empoderamento" para compartilhar suas ideias. Além disso, avaliou, a autonomia do BC deu maior poder às equipes. "É um trabalho que faz parte do Banco Central, e acho que vai continuar", reiterou.
No evento do Google, Campos Neto salientou que os sistemas de pagamentos instantâneos, que estão se proliferando no mundo, vão "alguma hora" se conectar. Ele disse que o Pix está sendo expandido para a América Latina e citou o objetivo de conectar a plataforma ao sistema de pagamentos instantâneos europeu.
Apontando mais uma vez a tecnologia como um instrumento de democratização, Campos Neto disse que o BC está trabalhando para que o Pix por aproximação funcione mesmo quando o pagador estiver off-line.
A inovação financeira, observou, é uma confluência de tecnologias "que vêm lá de trás", em desenvolvimento desde a década de 1970. A evolução mais recente, ponderou, se deu na capacidade de processamento e armazenamento de dados.
Campos Neto lembrou que a ideia de desenvolver o Pix programável visava a sua associação com o Open Finance e o Drex. Para o banqueiro central, a interação do Open Finance com pagamentos e tokenização não está dimensionada corretamente, abrindo inúmeras possibilidades como a realização de leilões de ativos fracionados. Ele informou ainda que a padronização da troca de informações entre dispositivos compatíveis por aproximação, o NFC, está em desenvolvimento, e "todos terão de se enquadrar". "Estamos caminhando nesse sentido. O Brasil tem sido fronteira, mas tem muita coisa para acontecer", assinalou o presidente do BC.