O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a atividade econômica no País está melhorando e o mercado está revisando os dados. A tendência é de que o resultado do ano seja melhor do que as projeções iniciais.
Ele afirmou que teria de acontecer algo muito diferente no segundo semestre para que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça menos de 2% este ano.
Os comentários foram feitos durante palestra no evento Cenário e Perspectivas para o Brasil, promovido pelo Young Presidents' Organization (YPO).
A estimativa do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024 é de 2,2%. Já no Banco Central, a projeção atual é de avanço de 1,9% neste ano, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março.
Olhar o copo meio cheio
O presidente do Banco Central disse que é preciso olhar o copo meio cheio do cenário brasileiro: apesar dos juros altos, houve avanço nas reformas.
Ele lembrou que o País fez importantes reformas estruturantes nos últimos anos, inclusive durante a pandemia, durante a palestra no evento Cenário e Perspectivas para o Brasil.
Campos Neto voltou a falar que o País teve ganhos institucionais com as reformas e que não se deve retroceder.
Em sua avaliação, o desafio do País é crescer com pouco espaço fiscal. "É muito difícil fazer ajuste fiscal sem crescer", disse.
Para ele, essa limitação do governo para investimentos acaba exigindo que haja maior participação do setor privado. Ele reconhece, no entanto, que o setor privado precisa ter conforto para investir.
O presidente do BC também comentou sobre a situação fiscal do País, com dívida elevada e capacidade de arrecadação limitada, o que exige mais eficiência nos gastos. "O ministro Haddad tem feito força enorme na parte fiscal. É difícil cortar gastos, porque o discricionário é muito pequeno. Precisamos pensar em reforma, em não ter mecanismos de indexação", afirmou.
Juros
Campos Neto disse ainda que o importante ao reduzir os juros curtos é ter mecanismos para prazos mais longos. "É importante ter um movimento de queda de juros no curto prazo e que se reflita na curva longa, o que depende da credibilidade do que você está fazendo. Os juros, no final das contas, são muito mais consequência do que causa. Por isso é importante ter âncora fiscal e monetária", destacou.
Ele comentou que a tendência do Brasil para os juros num prazo mais longo é de estabilizar a inflação em um patamar baixo. também pontuou, para um público de empresários, que o BC só decide o juro do dia, que importa menos para grande parte dos empresários. Já o mecanismo para juros longos depende do tipo de risco que se está disposto a tomar para emprestar dinheiro ao governo.
Ele havia sido questionado sobre os juros acima de dois dígitos durante a palestra.