Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) deu o maior passo para reduzir anos de política monetária expansionista para a zona do euro mas informou que o cenário econômico ainda depende de compras mensais de títulos da zona do euro.
O BCE informou que cortará o volume de títulos que compra todo mês a partir de janeiro, mas prorrogou o tempo de duração do programa de estímulo até o final de setembro do próximo ano.
O presidente do BCE, Mario Draghi, classificou as mudanças de "recalibragem" e indicou que o trabalho do banco em impulsionar a inflação e garantir o crescimento ainda não terminou.
O banco reduzirá pela metade o valor da compra de títulos para 30 bilhões de euros por mês, ficando confortável em meio a uma recuperação econômica agora em seu quinto ano e atuando em sincronia com outros bancos centrais, como o do Reino Unido e o dos Estados Unidos, que também se preparam para apertar a política monetária.
No entanto, o BCE continua incomodado com a inflação baixa, e por isso juntou o corte a uma prorrogação por nove meses do programa, optando por comprar menos títulos mas por um período mais longo para tranquilizar os investidores de que proporcionará estímulo por um longo período de tempo.
De fato, o BCE manteve sua opção de aumentar ou ampliar o programa de compra de títulos, uma aparente vitória para as autoridades "dovish" que argumentaram que o banco não deveria se comprometer com a finalização das compras, uma vez que a possível alta do euro pode agravar a inflação fraca.
Em entrevista à imprensa, Draghi disse que o cenário econômico da zona do euro melhorou, mas que o núcleo da inflação ainda não mostrou sinais convincentes de tendência de alta, o objetivo de grande parte do estímulo.
"As pressões domésticas de preços ainda são fracas e o cenário econômico e a trajetória de inflação permanecem dependentes de suporte contínuo da política monetária", disse ele. "Portanto, um amplo grau de estímulo monetário continua necessário."
Projetado quase três anos atrás para combater a ameaça da deflação, o esquema de compras de títulos reduziu os custos de financiamento, reanimou os empréstimos e impulsionou o crescimento, mas acabou falhando ele levar a inflação de volta para a meta do BCE de quase 2 por cento.
"Se o cenário se tornar menos favorável, ou se as condições financeiras se tornarem inconsistentes com mais progresso na direção de um ajuste sustentado na trajetória da inflação, o Conselho do BCE está pronto para aumentar o programa de compra de ativos em termos de tamanho e/ou duração", informou o BCE em um comunicado.
A principal taxa de refinanciamento, que determina o custo do crédito na economia, foi mantida em zero, enquanto a taxa bancária de depósitos "overnight", atualmente a principal ferramenta de juros do BCE, continuou negativa em 0,40 por cento, conforme esperado.