Por Luciana Otoni
BRASÍLIA (Reuters) - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu nesta quinta-feira a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil projetando retração no setor industrial e apontando o investimento como a variável crítica da economia brasileira.
A projeção para a expansão do PIB deste ano agora é de 1,0 por cento, bem abaixo do 1,8 por cento previsto anteriormente. Em 2013, a economia brasileira cresceu 2,5 por cento.
A revisão foi piorada principalmente pelo péssimo desempenho esperado para o setor industrial. Para 2014, a entidade estima que o PIB do setor fabril registrará recuo de 0,5 por cento em 2014, muito pior do que a projeção anterior, de um crescimento de 1,7 por cento, que repetiria a expansão registrada em 2013.
Se confirmada a contração neste ano, a indústria voltará ao terreno negativo de 2012, quando houve uma queda de 0,8 por cento na produção.
De acordo com a CNI, a retração do PIB industrial ocorrerá pelo recuo de 1,0 por cento na indústria da transformação e de 1,7 por cento de retração na indústria da construção. A estimativa só não é pior porque para a indústria extrativa é esperado crescimento de 1,5 por cento.
No cálculo do PIB da indústria, a entidade levou em conta a performance nada animadora do setor na primeira metade do ano.
O uso da capacidade instalada em maio, dado mais recente, ficou em 80,7 por cento, representando o quarto recuo consecutivo, ao mesmo tempo em que a maioria dos indicadores industriais mostrou queda pelo terceiro mês seguido.
No front externo, a CNI destaca o cenário global marcado pela retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos sem considerar que a economia mundial vá beneficiar a economia brasileira.
Nesse contexto, a entidade calcula exportações de 237 bilhões de dólares e importações de 235,5 bilhões de dólares, resultando em saldo comercial de 1,5 bilhão de dólares neste ano, mantendo a projeção anterior.
Nas contas públicas, com a economia fraca e a dificuldade de controle dos gastos públicos, a perspectiva é de deterioração da política fiscal, com previsão de superávit primário de 1,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) ante 1,8 por cento projetado em abril.