BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro, Previdência Social e Banco Central) encerrou o primeiro trimestre deste ano com déficit primário de 18,217 bilhões de reais, pior dado para o período na série histórica iniciada em 1997, ressaltando a debilidade das contas públicas com o país mergulhado em recessão.
Segundo informou o Tesouro nesta quinta-feira, só em março o saldo da economia feita para pagamento de juros ficou negativo em 7,943 bilhões de reais, o mais fraco para esse mês nos registros históricos. Ele veio, contudo, melhor que o rombo de 10 bilhões de reais estimado por analistas em pesquisa Reuters.
O governo central viu a receita líquida total sofrer queda real de 6,4 por cento em março sobre igual período do ano passado, a 84,771 bilhões de reais, ao passo que as despesas totais tiveram aumento de 4,3 por cento, já descontada a inflação, a 92,714 bilhões de reais.
O Tesouro destacou que a receita continuou sendo duramente impactada pela menor arrecadação de impostos em meio à recessão econômica. Na outra ponta, as despesas foram afetadas por elevação dos benefícios previdenciários (+5,6 por cento) no período e de outras despesas obrigatórias (+6,5 por cento), como abono e seguro desemprego; neste caso em função de efeito calendário que já havia sido antecipado pelo governo.
A meta deste ano é de superávit primário de 24 bilhões de reais para o governo central, dada como inalcançável pelo próprio Executivo, que já encaminhou proposta ao Congresso para registrar rombo de até 96,65 bilhões de reais.
O governo já anunciou dois contingenciamentos este ano, somando 44,6 bilhões de reais. E o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, já afirmou que outro corte deve vir pela frente, em maio, caso o Congresso não dê aval para a nova meta fiscal.
O andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff está emperrando a análise dos parlamentares sobre a questão das contas públicas.
Pela pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente uma centena de economistas, a projeção é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve encolher 3,88 por cento neste ano e crescer 0,30 por cento em 2017.
(Por Marcela Ayres)