GENEBRA (Reuters) - O comércio global de mercadorias deve se recuperar neste ano, porém de forma mais lenta do que o esperado anteriormente, depois de apenas seu terceiro declínio em 30 anos em 2023, disse a Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta quarta-feira.
O órgão sediado em Genebra disse que o abrandamento das pressões inflacionárias deve ajudar o volume do comércio de mercadorias a aumentar 2,6% em 2024 e 3,3% em 2025, após um declínio de 1,2% no ano passado. A OMC havia previsto anteriormente uma alta de 3,3% em 2024.
Ao mesmo tempo, a OMC alertou sobre os riscos da fragmentação do comércio devido às tensões geopolíticas, ao aumento do protecionismo e ao agravamento da crise no Oriente Médio, em que os ataques a navios comerciais no Mar Vermelho já têm desviado o comércio entre Europa e Ásia.
Antes do ano passado, o comércio global só havia caído em dois anos desde que a OMC foi criada em 1995. O comércio global caiu 5% durante a pandemia em 2020 e mais de 12% durante a crise financeira global de 2009.
Em 2023, a demanda de importação foi particularmente fraca na Europa, onde o impacto dos preços mais altos de energia e da inflação foi mais intenso.
A OMC disse que os riscos para sua previsão de 2024 estavam inclinados para o lado negativo, com seu intervalo de previsão sendo de queda de 1,6% a alta de 5,8%.
O economista-chefe da OMC, Ralph Ossa, disse que há evidências de fragmentação do comércio, mas não de desglobalização, com o comércio continuando a crescer, mas a um ritmo mais lento do que na década de 1990.
A OMC estimou anteriormente que uma dissociação total do mundo em blocos geopolíticos poderia reduzir o PIB global em 5%.
No Mar Vermelho, por onde normalmente passam 12% do comércio global, a OMC disse que o transporte marítimo foi reduzido, mas não interrompido, e as taxas de frete marítimo estão contidas.
Ossa disse que a situação precisa ser monitorada de perto, acrescentando que o risco de picos nos preços do petróleo decorrentes de uma escalada da crise no Oriente Médio provavelmente seria mais significativo do que a própria interrupção do Canal de Suez.
(Por Philip Blenkinsop)