Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - A confiança do consumidor no Brasil registrou alta pelo quarto mês consecutivo em agosto e voltou ao nível de março, quando começou o impacto do coronavírus sobre a economia, mas desacelerou o ritmo dos ganhos quando comparados às leituras anteriores.
A Fundação Getulio Vargas (FGV) informou nesta segunda-feira que seu Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 1,4 ponto em agosto, para 80,2 pontos, mesmo nível registrado em março.
Com esse resultado, o índice recupera o total da perda acentuada de 22 pontos registrada em abril, o mês de pandemia que teve o maior impacto econômico devido à imposição de medidas de combate à Covid-19 que forçaram o fechamento de estabelecimentos, gerando fortes quedas no emprego e na renda.
Apesar de ter apresentado seu quarto salto mensal seguido, a melhora da confiança em agosto teve uma desaceleração ante o ritmo da recuperação iniciada em maio, disse a FGV, que destacou "expressiva heterogeneidade entre as classes de renda".
"Os consumidores de renda baixa registram queda da confiança e parecem agora projetar maiores dificuldades nos próximos meses, o que pode estar relacionado ao fim dos pagamentos de auxílio emergencial", disse em nota Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do FGV Ibre, acrescentando que as classes intermediárias continuaram confiantes e que a população de maior poder aquisitivo está insatisfeita com a situação atual.
"Os movimentos distintos mostram que não apenas o impacto mas a velocidade de reação pode ser diferente entre os agentes econômicos e devem ser analisadas com atenção", completou Bittencourt.
Em agosto, o Índice da Situação Atual (ISA), que mede a percepção dos consumidores sobre o momento presente, subiu 0,5 ponto, para 71,5 pontos, nível ainda muito baixo em termos históricos. O Índice de Expectativas (IE) avançou 2,0 pontos, para 87,1 pontos, o melhor resultado desde fevereiro.
O indicador que mede a satisfação presente dos consumidores com a economia avançou 1,2 ponto, para 75,1 pontos, enquanto o indicador que mede a satisfação com a situação financeira familiar cedeu 0,3 ponto, para 68,4 pontos.
A recuperação da confiança do consumidor no Brasil nos últimos meses foi impulsionada por medidas de flexibilização das restrições impostas no combate ao coronavírus em importantes centros econômicos, como São Paulo. Enquanto isso, a doença segue avançando no país, que já registra quase 115 mil mortos.