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Confiança do consumidor recuou 6,1% em junho, aponta SPC

Publicado 13.07.2018, 11:26
Valter Campanato/Agência Brasil/Agência Brasil
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O Indicador de Confiança do Consumidor recuou 6,1% em junho na comparação com maio. Com esse recuo, o indicador retrocedeu para 38,8 pontos, o que representa o mais baixo patamar desde janeiro de 2017, início da série histórica. Os dados foram apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Pela metodologia, o indicador varia de zero a 100, sendo que resultados acima de 50 pontos demonstram o predomínio de otimismo, ao passo que abaixo de 50, o que prevalece é a visão pessimista.

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Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, mesmo com o fim da recessão, a confiança do consumidor encontra dificuldades para atingir resultados consistentes, tendo em vista o tímido crescimento da economia, que ainda não se recuperou das perdas acumuladas ao longo da crise e nem se reflete em melhora efetiva nos dados de emprego e renda. Em junho, o quadro foi agravado pela paralisação dos caminhoneiros ocorrida ao final de maio.

“Ao chamar a atenção para a questão dos preços dos combustíveis, para a alta carga tributária e para a deficiência da matriz de transportes, o protesto reforçou a Indicador de Confiança do Consumidor a percepção negativa sobre a situação econômica, trazendo de volta a memória da crise. Esses são fatores relevantes que impactaram a queda da confiança”, explica o presidente.

O Indicador de Confiança é composto pelo Indicador de Cenário Atual, que caiu de 30,8 pontos para 28,9 pontos em um mês e pelo Indicador de Expectativas, que retrocedeu ao passar de 51,8 pontos em maio para 48,6 pontos em junho.

Momento econômico

De acordo com o levantamento, em cada dez brasileiros, oito (79%) avaliam negativamente as condições atuais da economia brasileira. Para 18%, o desempenho é regular, e para apenas 1% o cenário é positivo. Entre aqueles que avaliam o clima econômico como ruim, a principal explicação é o desemprego elevado, citado por 67% dos entrevistados.

Mesmo com a inflação sob controle, os preços considerados altos foram citados por 62% dos consumidores, assim como os juros, mencionados por 48%. Há ainda 30% de entrevistados que atribuem o momento ruim a desvalorização do real frente ao dólar.

Já quando se trata de responder sobre a própria vida financeira, o número de consumidores insatisfeitos é menor do que quando se avalia a economia do Brasil como um todo, mas ainda assim é elevado. De acordo com a sondagem, 45% dos brasileiros consideram a atual situação financeira como ruim ou péssima. Outros 45% consideram regular e um percentual menor, de 8%, consideram o momento bom.

Dentre os entrevistados que trabalham, 29% consideram média ou alta a probabilidade de serem demitidos. Para 25%, o risco é baixo e 46% não temem ser dispensados pelos seus patrões.

A pesquisa ainda mostra que o alto custo de vida supera o endividamento como o fator que mais pesa no orçamento das famílias: 45% e 21%, respectivamente.

Questionados sobre o comportamento dos preços, 95% notaram aumento nos postos de combustíveis em relação a maio, ante 82% da sondagem anterior. Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a expectativa é de que neste semestre a atividade econômica não reaja na intensidade necessária para melhorar os dados de emprego e de renda da população.

“As projeções apontam para uma desaceleração no ritmo da retomada, que já era lento e ainda foi prejudicada pela paralisação dos caminhoneiros. Temas importantes como a agenda fiscal e as reformas estruturais foram perdendo força nos últimos meses e isso impacta as expectativas de forma negativa”, explica Marcela Kawauti.

Eleições

Para Marcela, há ainda um componente imprevisível que são as eleições de outubro. “As eleições têm impactado no sentido de que o consumidor não consegue ter uma previsibilidade, ainda temos uma economia que está crescendo muito menos do que se imaginava, a expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) era de mais de 2% e agora está mais perto de 1%. Ainda tem o fato de os empresários segurarem os investimentos também por conta dessa imprevisibilidade, o mercado de trabalho demora mais a se recuperar”, analisa.

A economista explica ainda que, embora a recessão tenha terminado em janeiro do ano passado, os reflexos continuam presentes. “Ainda não entramos numa fase de plena recuperação, os efeitos dessa recessão ainda são muito fortes. Acredito que a recessão só terminará mesmo quando a gente tiver um pouco mais de previsibilidade, o que deve acontecer só depois das eleições e ainda existe o risco, dependendo de quem for eleito, de a gente voltar a ter um ano muito ruim, se for eleito alguém muito extremista para o cargo de presidente”, acredita Marcela.

No entendimento da economista, a greve dos caminhoneiros também teve reflexo na queda do índice de confiança. “Acabou mostrando também o quanto a gente precisa colocar um governo mais ativo e o quanto precisamos de reformas em infraestrutura. A greve acabou evidenciando muito os problemas do país”.

Pessimistas

A sondagem também procurou saber o que os brasileiros esperam do futuro da economia do Brasil, e descobriu que a maioria, 53%, está declaradamente pessimista. Quando essa avaliação se restringe à vida financeira, no entanto, o volume de pessimistas cai para 19%. Os otimistas com a economia são apenas 11% da amostra, ao passo que para a vida financeira, o percentual sobe para 53% dos entrevistados.

Para justificar a percepção predominantemente negativa com os próximos seis meses da economia, 65% citam problemas políticos e escândalos de corrupção, ao passo que 41% atribuem esse sentimento ao desemprego que segue alto no país. Já entre os pessimistas com a própria vida financeira, 69% demonstram incômodo com a elevação dos preços e 40% acham que a economia fraca impacta na sua vida particular.

Em sentido contrário, tanto os otimistas com a economia quanto com a própria vida financeira, não sabem explicar ao certo a razão desse sentimento positivo, já que 57% e 35%, respectivamente, não souberam apontar razões específicas e apenas acreditam que coisas boas devem acontecer nos próximos seis meses.

A pesquisa abrangeu 12 capitais das cinco regiões brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém.

Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 801 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais.

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