SÃO PAULO (Reuters) - A construção civil deve ter mais um ano de retração em 2016 e aumento do desemprego, segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), que pediu nesta terça-feira uma "solução rápida" para a crise política do país de forma a possibilitar uma retomada da economia.
A entidade prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil deve encerrar 2015 com queda de 8 por cento. Para o ano que vem, a projeção é de retração de 5 por cento, segundo o sindicato, que vê alguma retomada do crescimento somente a partir de 2017.
O emprego formal no setor – que inclui somente vagas nas construtoras --, terá queda de mais de 11 por cento este ano, com fechamento de 557 mil vagas, prevê o sindicato, retomando a patamares do início de 2010. Para 2016, a baixa ficará entre 5,5 a 6 por cento, uma redução de 200 mil postos de trabalho.
"Entre os principais fatores que contribuíram para as estimativas pouco animadoras estão o crescimento expressivo do desemprego, retração dos investimentos públicos e privados e consequente diminuição da renda e da confiança das famílias e das empresas", disse a entidade em nota divulgada em coletiva de imprensa.
De acordo com o presidente do Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, a deterioração do cenário político têm afetado o setor. "O que queremos é que haja solução rápida para a situação política. Seja com Dilma (Rousseff) ou sem Dilma. Queremos que haja definição para que medidas como o ajuste fiscal sejam implementadas para retomar a economia. O que queremos é que seja rápido", disse.
Mesmo em um cenário de desaquecimento da demanda por conta da desaceleração econômica, o Sinduscon-SP prevê algum avanço do preço dos imóveis na cidade de São Paulo no ano que vem, diante das fortes quedas ocorridas em 2015 e por conta de mudanças no Plano Diretor da cidade, segundo Romeu.
"Se eu pudesse chutar, diria que vai subir. Houve em 2015 venda de estoques. O valor do imóvel tende a ser mais alto na cidade de São Paulo em função do Plano Diretor por conta das diversas restrições feitas", declarou. "(Os preços) tendem a aumentar. Não só pela queda grande do valor como do aumento do custo do imóvel novo em São Paulo (devido ao novo Plano Diretor)."
PRODUTIVIDADE
O sindicato também divulgou nesta terça-feira em conjunto com a Fundação Getulio Vargas (FGV) estudo que mostrou que a produtividade da construção no Brasil está abaixo da média de 17 países, mesmo com o crescimento obtido nos últimos anos.
O estudo, que analisou o período de 2003 a 2013, indicou que em uma escala de zero a 100, a produtividade da construção civil no Brasil está em 16,3, frente a 71 em países desenvolvidos como Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido.
"A produtividade das empresas do setor no Brasil não melhorou entre 2003 e 2013. Subiu o PIB do setor, mas crescimento foi muito rápido e produtividade na verdade caiu", disse Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos do Ibre/FGV, que apresentou o estudo.
"O ciclo encerrado em 2014 foi pavimentado por estabilidade macroeconômica e melhoras no crédito imobiliário. São condições necessárias, mas não suficientes. É preciso que as empresas façam a lição de casa, implantem melhoras nos processos produtivos e na gestão da mão de obra. Aspectos que as empresas têm que trabalhar pesadamente."
(Por Luciana Bruno)