Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de contração do setor de serviços do Brasil acelerou em setembro, chegando ao sétimo mês seguido de retração, devido à maior queda no volume de novos negócios em seis anos e meio e com fortes perdas de emprego em meio ao cenário de recessão do país, apontou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira.
O Markit informou que o PMI de serviços caiu a 41,7 em setembro contra 44,8 em agosto, permanecendo abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração.
"A economia em queda do Brasil levou as reduções na produção e novos negócios no setor a ganharem força em setembro. De fato, a demanda por serviços foi a mais fraca desde a crise financeira global, destacando a extensão da recessão no país", disse a economista do Markit Pollyanna De Lima.
Todos os seis subsetores monitorados registraram queda, como vem acontecendo desde maio, sendo a mais forte em setembro em Correios e Telecomunicações.
Segundo o Markit, a queda na entrada de novos trabalhos, a mais forte desde março de 2009, refletiu o cenário econômico difícil e a relutância dos clientes a se comprometerem com novos projetos.
Com isso, o nível de empregos caiu pela segunda taxa mais rápida na série, ficando atrás somente do ritmo observado em julho. Quedas foram registradas em todas as seis subcategorias, mas a pior no mês passado ocorreu em Correios e Telecomunicações.
Já as pressões inflacionárias se intensificaram em setembro, sendo que tanto as taxas para insumos quanto para preços cobrados foram as mais fortes desde o início da coleta de dados, em março de 2007 devido ao enfraquecimento do real ante o dólar.
Cerca de 40 por cento dos prestadores de serviços informaram cargas de custos mais altas segundo o Markit, o que foi repassado aos clientes, levando os preços de venda a subirem pelo 13º mês seguido.
"Além de projetar mais contração do Produto Interno Bruto (PIB), os últimos dados do PMI destacam inflação bastante elevada", completou Pollyanna.
Apesar de toda a fraqueza, os fornecedores de serviços permaneceram otimistas e esperam que a atividade aumente durante o próximo ano, sendo o nível de otimismo o mais elevado desde fevereiro devido às expectativas de que as condições econômicas melhorem.
A pressão do setor de serviços compensou a redução no ritmo de queda da atividade industrial e levou o PMI Composto do Brasil à sétima queda mensal seguida, para 42,7 ante 44,8 em agosto, marcando a sequência mais longa de perdas desde a crise financeira.