Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiu o roteiro previsto pelo mercado e decidiu cortar a taxa básica de juros da economia brasileira em 1 p.p., que passa a ser de 10,25% ao ano.
Em decisão unânime, o órgão optou por manter o ritmo de cortes da taxa de juros que já havia sido implantada na reunião de abril, quando a Selic passou de 12,25% para os 11,25% em vigor até a reunião de hoje. Desde o início do ciclo de redução em outubro do ano passado, a Selic já caiu 4 p.p., de 14,25% para 10,25%.
O Copom indicou em seu comunicado que a crise com a JBS deteve um movimento mais agressivo de juros, ao deixar o cenário mais imprevisível. "O comitê entende como fator de risco principal o aumento de incerteza sobre a velocidade do processo de reformas e ajustes na economia".
O novo patamar de juros é o menor desde novembro de 2013, quando o tendência de juros era inversa e o BC, na época comandado por Alexandre Tombini, elevou da mínima histórica de 7,25% aos 11% entre março daquele ano e maio de 2014. Os juros voltaram a subir após o segundo turno das eleições presidenciais alcançando os 14,25% em julho de 2015 para tentar controlar a inflação que chegou aos dois dígitos com a liberação de preços controlados, alta da energia elétrica e quebra de safras.
O mercado aposta que o atual ciclo de baixa deverá levar a Selic para a casa dos 8%-8,5% no final do ano.
A prolongada recessão que poderá ter fim nesta semana com a publicação dos dados do PIB e a queda da inflação para a casa dos 4% dão o espaço necessário para mais cortes na Selic nas próximas reuniões. O Copom volta a se reunir em julho.
Decisão em linha com as expectativas
A decisão do BC de cortar em 1 p.p. vem em linha com as expectativas de mercado que, após a delação premiada dos executivos da JBS (SA:JBSS3), passou a acreditar em um corte menor do que o 1,25 p.p. que era previsto. Segundo pesquisa do Estadão, 47 das 57 instituições consultadas apostavam em redução de 1 p.p..
Até duas semanas atrás, antes da bomba da JBS estourar e praticamente inviabilizar o governo de Michel Temer com a gravação de conversa pouco republicana do presidente com Joesley Batista, os analistas estavam aumentando suas apostas em cortes mais fortes do que o 1 p.p. da última reunião do Copom.
A delação premiada atingindo Temer desorganizou a base aliada e impossibilitou que a votação da reforma da Previdência fosse à frente. Com um desequilíbrio fiscal ainda sem solução clara, o mercado reduziu suas previsões, apesar do cenário benigno de inflação e com a economia com dificuldades de retomar o crescimento.