WASHINGTON (Reuters) - A economia dos Estados Unidos desacelerou um pouco mais do que o inicialmente calculado no segundo trimestre, com o maior crescimento nos gastos dos consumidores em quatro anos e meio sendo compensado por um declínio nas exportações e um menor acúmulo dos estoques.
O Produto Interno Bruto dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 2%, informou o Departamento de Comércio em sua segunda leitura do PIB no segundo trimestre nesta quinta-feira. O dado foi revisado em relação ao ritmo de 2,1% estimado no mês anterior. A economia cresceu a uma taxa de 3,1% no trimestre de janeiro a março. Ela expandiu 2,6% no primeiro semestre do ano.
A revisão em baixa ficou de acordo com as expectativas dos economistas.
A expansão econômica, agora em seu 11º ano, está ameaçada pela guerra comercial com a China, que vem reduzindo os investimentos empresariais e atividade manufatureira.
A deterioração das relações comerciais entre os dois gigantes econômicos agitou as bolsas de valores globais e desencadeou uma inversão da curva de rendimentos dos Treasuries, aumentando temores de recessão. Embora os dados de indústria e habitação sugiram que a economia continuou enfraquecendo no início do terceiro trimestre, os fortes gastos do consumidor, sustentados pela menor taxa de desemprego em quase 50 anos, amenizaram algumas preocupações sobre uma contração.
O chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, disse em uma conferência de bancos centrais na semana passada que a economia estava em uma "posição favorável", mas reiterou que o Fed "agirá conforme apropriado" para manter a expansão econômica nos trilhos.
O Fed reduziu sua taxa de juros de curto prazo em 25 pontos-base no mês passado pela primeira vez desde 2008, citando tensões comerciais e a desaceleração do crescimento global. Os mercados financeiros já precificaram outro corte de 0,25 ponto percentual na reunião de política monetária do Fed de 17 e 18 de setembro.
Quando medida pelo lado da renda, a economia cresceu a uma taxa de 2,1% no segundo trimestre. A renda interna bruta aumentou a um ritmo de 3,2% entre janeiro e março.
A média do PIB e da renda interna bruta, também conhecida como produção doméstica bruta e considerada uma melhor medida da atividade econômica, subiu a uma taxa de 2,1% no último trimestre, desacelerando em relação a um ritmo de crescimento de 3,2% nos primeiros três primeiros meses do ano.
O lado da receita no crescimento foi sustentado por uma recuperação nos lucros após duas quedas consecutivas trimestrais. Os lucros após impostos, sem avaliação de estoques e ajuste no consumo de capital, que correspondem aos lucros do índice de referência S&P 500, aumentaram a uma taxa de 4,8% após caírem 1,5% no primeiro trimestre.
O crescimento dos gastos do consumidor, responsáveis por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, subiu 4,7% no segundo trimestre. Essa foi a alta mais rápida desde o quarto trimestre de 2014 e ficou ligeiramente acima do ritmo de 4,3% estimado no mês passado.
O relatório do PIB mostrou que o déficit comercial aumentou para 982,5 bilhões de dólares no segundo trimestre, em vez de 978,7 bilhões, conforme relatado no mês passado. O comércio cortou 0,72 ponto percentual do crescimento do PIB no último trimestre, em vez de 0,65 ponto conforme relatado anteriormente.
O crescimento dos estoques foi revisado para baixo a uma taxa de 69,0 bilhões de dólares no segundo trimestre, em relação ao ritmo estimado anteriormente de 71,7 bilhões. Os estoques cortaram 0,91 ponto percentual do crescimento do PIB no último trimestre, em vez de 0,86 ponto percentual, conforme informado em julho.
(Por Lucia Mutikani)