Brasília, 16 jul (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou que obteve pleno apoio da Unasul e dos Brics, durante a cúpula que reuniu nesta quarta-feira em Brasília os líderes dos dois blocos, no litígio que seu país mantém com os fundos especulativos que não aceitaram a reestruturação da dívida.
Cristina manifestou seu agradecimento e disse a jornalistas que os líderes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), assim como os da União de Nações Sul-Americanas, entenderam que a Argentina é alvo de um "ataque especulativo" que se vale de um juiz dos Estados Unidos.
A presidente denunciou o conflito que seu governo enfrenta com os chamados fundos abutres durante seu discurso no plenário da reunião Brics-Unasul, que da mesma forma que os dos outros líderes aconteceu durante uma sessão reservada.
A Casa Rosada, no entanto, forneceu à imprensa o discurso de Cristina, que expressou seu "beneplácito" aos Brics por sua decisão de criar um novo banco de fomento focado no mundo em desenvolvimento.
"É um banco que ajudará no comercial e na infraestrutura, mas também a pôr ordem em finanças internacionais totalmente desengonçadas", declarou Cristina, que lembrou que os países em desenvolvimento exigem há anos uma reforma de todos os organismos multinacionais, sem ser escutados.
"Talvez a Argentina, mais que ninguém, possa falar deste tema no momento em que está sofrendo um fortíssimo ataque especulativo por parte dos denominados fundos abutres", comentou.
Cristina reiterou que seu país já pagou US$ 190 bilhões entre dívida e juros e que chegou a acordos com mais de 90% de seus credores, mas que um pequeno grupo agora bloqueia os pagamentos a todos.
"É importante esclarecer que a Argentina não deixou de pagar e que quer pagar a todos", insistiu Cristina, assegurando que seu governo também está "disposto a negociar, mas dentro da lei, da justiça e da equidade".
Segundo Cristina, os Brics e sua decisão de constituir um banco para apoiar os países em desenvolvimento ajudarão na construção de uma "nova ordem financeira global", um objetivo que qualificou de "justo e imprescindível".
Na opinião da presidente argentina, em um sistema financeiro mais justo, "nunca" se teria chegado a uma situação "tão confusa, insólita e inédita", como classificou o conflito em torno da dívida argentina.