Por Jason Bush
MOSCOU (Reuters) - A Rússia parece ter escapado da contração econômica por enquanto, mas uma recessão ainda é provável na segunda metade deste ano à medida que as sanções ocidentais relacionadas à Ucrânia fazem efeito, alertaram analistas.
Dados preliminares sobre o Produto Interno Bruto (PIB) divulgados na segunda-feira mostraram que a economia cresceu 0,8 por cento em termos anuais no período de abril a junho, ante 0,9 por cento de janeiro a março.
O número, porém, foi auxiliado por fatores pontuais, e a perspectiva para o resto do ano é complicada uma vez que as sanções dos Estados Unidos e da União Europeia --e a proibição russa à importação de alimentos em retaliação --agravam um clima de investimento fraco, altos custos de empréstimos e pressão de alta sobre os preços.
Os dados econômicos da Rússia estão sendo observados de perto para avaliar o impacto das sanções, impostas devido à anexação por Moscou da Criméia e o que os governos ocidentais veem sua falha em conter os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.
As medidas estão agravando uma desaceleração que já era evidente em 2013: economistas consultados pela Reuters no final de julho previam crescimento econômico de apenas de apenas 0,3 por cento em 2014, com contração de 0,5 por cento no terceiro trimestre na base anual.
Os dados preliminares de segunda-feira não forneceram uma avaliação sobre o crescimento na comparação trimestral, levando a uma contínua especulação sobre se a Rússia conseguiu evitar a recessão técnica --dois trimestres seguidos de contração na comparação com o período imediatamente anterior.
A maioria dos analistas calculou que a Rússia evitou uma recessão técnica, mas veem isso como um consolo fraco para uma economia que ainda enfrentará dificuldades para evitar uma contração na segunda metade do ano.
"Embora o crescimento tenha desacelerado levemente em termos anuais, a produção parece ter crescido no trimestre. Mesmo assim, o alívio deve ser breve", disse a economista da Capital Economics, Liza Ermolenko, em nota, estimando crescimento trimestral no segundo trimestre entre 0,2 e 0,5 por cento.
O economista da VTB Capital Vladimir Kolychev disse que todos os motores de crescimento no segundo trimestre foram temporários: um impulso pontual de estoques maiores, e exportações de gás maiores do que o normal uma vez que consumidores no exterior acumularam estoques para se preparar para possíveis interrupções.
"Já podemos ver nos números de julhos que as exportações de gás estão caindo e que os números de produção industrial estão mais fracos, e não está claro o que poderia guiar o crescimento na segunda metade do ano".